terça-feira, 3 de novembro de 2009

AQUILO SE CHAMAVA BELEZA...

"Ainda era eu um menino
com a face lambuzada de açúcar,
uma ceroula muito usada de invernos
e os ternos caprichos de uma babá.
Cantar era mais fácil
e a música era mais bela que aquela conversa
que o professor impunha...
Éramos quatro irmãos
em nós quatro mapas diversos no peito havia.
E eu já compunha, ao certo.
Uma cabana de cobertores abrigava a mim e ao mais novo
do filme de terror que assistiam os dois outros na sala.
Noticiários até então nada nos interessavam
uma franja de sol relaxada aos sábados bem cedo
acordava-nos afagando a ponta de nossos pés
em conjunto com o arabesco gestual de minha mãe
com suas distraídas interpretações desse mundo cachorro.
E as chantagens e queixas de meu pai
não eram mais que incorruptíveis farturas à mesa do almoço
um mesmo ontem impregnado no desenho dos dias,
aquilo se chamava beleza, ou eu não sei..."
(Luiz Felipe Leprevost)

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