domingo, 1 de novembro de 2009

DESGRAÇADO AMOR

"Todos os deslizes, todos os desastres,
todas as desculpas me interessam.
Diga que não, minta que sim:
me ame como a um semelhante.
Todas as desistências, todas as covardias,
Todos os álibis me interessam.
Diga que sim, peça que não:
me ame assim como a um vil.
Todos os recalques, todas as minúcias,
todos os chiliques me interessam.
Diga que não, sinta que sim:
me ame assim como a um qualquer.
Todos os senões, todas as injúrias,
Todos os tesões me interessam.
Diga que sim, creia que não:
me ame como a um senhor.
Todos os poderes, todos os pavores,
todas as insônias me interessam.
Diga que não, cisme que sim:
me ame como a um menino.
Todos os brinquedos, todas as vontades,
todos os segredos me interessam.
Diga que sim, siga que não.
Me ame como a um defunto.
Todos os martírios, todas as mazelas,
todas as relíquias me interessam.
Diga, finja, minta, peça,
sinta, creia, cisme, siga.
Me ame como a um nenhum.
Como a nenhum outro.
Mentira perversa me interessa..."
(Marco Valença)

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