quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ESPELHO

"Sou prateado e exato.
Não tenho preconceitos.
Tudo que vejo engulo no mesmo momento
Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo.
Não sou cruel, apenas verdadeiro
-O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.
O tempo todo medito do outro lado da parede.
Cor-de-rosa, malhada.
Há tanto tempo olho para ele
Que acho que faz parte do meu coração.
Mas ele falha.
Escuridão e faces no separam mais e mais.
Sou um lago, agora.
Uma mulher se debruça sobre mim.
Buscando em minhas margens sua imagem verdadeira.
Então olha aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e reflito fielmente.
Me retribui com lágrimas e acenos.
Sou importante para ela.
Ela vai e vem.
A cada manhã seu rosto repõe a escuridão.
Ela afogou uma menina em mim,
E em mim uma velha emerge em sua direção,
Dia a dia, como um peixe terrível..."
(Sylvia Plath)

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