quinta-feira, 5 de novembro de 2009

ESPERA EM VÃO...

"Shelley, sem anjos e sem pureza,
aqui estou à tua espera nesta praça,
onde não há pombos mansos mas tristeza
e uma fonte por onde a água já não passa.
Das árvores não te falo pois estão nuas;
das casas não vale a pena porque estão gastas
pelo relógio e pelas luas
e pelos olhos de quem espera em vão.
De mim podia falar-te,
mas não sei que dizer-te desta história
de maneira que te pareça natural a minha voz.
Só sei que passo aqui a tarde inteira
tecendo estes versos
e a noite que te há-de trazer
e nos há-de de deixar sós..."
(Eugênio Andrade)

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