domingo, 15 de novembro de 2009

A HÓSPEDE

"Não precisas bater quando chegares.
Toma a chave de ferro que encontrares sobre o pilar,
ao lado da cancela, e abre com ela
a porta baixa, antiga e silenciosa.
Entra.
Aí tens a poltrona, o livro, a rosa,
o cântaro de barro e o pão de trigo.
O cão amigo pousará nos teus joelhos a cabeça.
Deixa que a noite, vagarosa, desça.
Cheiram à relva e sol,
na arca e nos quartos, os linhos fartos,
e cheira a lar o azeite da candeia.
Dorme. Sonha. Desperta.
Da colméia nasce a manhã de mel contra a janela.
Fecha a cancela e vai.
Há sol nos frutos dos pomares.
Não olhes para trás
quando tomares o caminho sonâmbulo que desce.
Caminha - e esquece..."
(Guilherme de Almeida )

Nenhum comentário: