terça-feira, 3 de novembro de 2009

MINHA MORTA VIVA

"Na minha dor nada se move
Estou à espera ninguém virá
Nem de noite nem de dia
Nem jamais do que fui eu próprio
Meus olhos separaram-se dos teus
E perdem a confiança, perdem o brilho que tinham
Minha boca separou-se da tua boca
De prazer e do sentido do amor e do sentido da vida
Estas mãos separaram-se das tuas e não seguram nada
Os meus pés separaram-se dos teus, não andarão mais
Não há mais caminho...
Deixaram de sentir o peso e o repouso que lhes dava
É-me dado ver a minha vida esvair-se com a tua
A tua, que por ser poder me faz julgar infinita a minha
E o porvir minha única esperança é minha tumba
Semelhante à tua cercada por um mundo sem calor
Estava tão próximo de ti
Que junto dos outros sinto frio..."
(Paul Éluard)

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