quarta-feira, 11 de novembro de 2009

NADA A DECLARAR

"Nada a declarar:
a não ser que estou cansado e sem escudos.
que depois que você foi embora,
os deuses ficaram mudos.
que as borboletas voaram pra outros mundos
e eu fiquei só.
só eu e os meus cadernos,
à mercê dos mais profundos invernos...

Nada a declarar:
a não ser que eu estou cansado e sem horizontes.
que depois da sua partida,
os amigos se debandaram aos montes
dizendo o quanto fiquei chato e intragável.
e quando até o automóvel se nega a dar partida,
repito comigo mesmo: coisas da vida... vai passar!
a droga, é que nunca passa.
o foda, é que tudo perdeu a graça.
-vale acrescentar!-

vale acrescentar
que, cada vez que bato à porta da alegria,
ela grita de longe: passa outro dia!
tá tudo muito escuro.
sequer o futuro acredita num claro despertar...
ficamos então combinados:
vou dormir com mais este maço de desagravos
e se por acaso acordar do meio deste pesadelo,
peço desculpas a ele.
viro de lado e digo: coisas da vida, amigo...
pode continuar!"
(Marcos Caiado)

Nenhum comentário: