quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O CORPO NÃO ESPERA

"O corpo não espera.
Não.
Por nós ou pelo amor.
Este pousar de mãos, tão reticente
e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sêde, uma memória,
tudo o que sabemos de tocar
desnudo o corpo que não espera;
este pousar que não conhece, nada vê,
nem nada ousa temer no seu temor agudo.
Tem tanta pressa o corpo!
E já passou, quando um de nós
ou quando o amor chegou..."
(Jorge de Sena)

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