domingo, 8 de novembro de 2009

O DIA QUE FUI ESTRELA

"Ainda fiquei por algum tempo sentado na escadinha em frente a porta
Ainda achei que dava para esperar mais um pouco antes de trancá-la
Mas a noite veio e ninguém apareceu...
Levantei, dei mais uma olhada,
olhei o céu se apagando atrás das montanhas,
vi os pássaros se recolherem, os grilos saírem,
o uivo rasgar a pastagem, o vento parar e me ensurdercer com seu silêncio
Era um lugar lindo, mas vazio...
Ninguém veio, cansei, fechei a porta.
Fechei mesmo, com cadeado e corrente, e deixei espinhos na maçaneta
Joquei a chave no lago que havia mais abaixo
Peguei a estradinha de terra, estreita e escura, e sem me despedir,
segui meu caminho deixando todos meus desejos, sonhos e esperanças
no baú do terceiro quarto à esquerda, no segundo andar
No céu tinha uma estrelinha linda, que brilhava muito pouco,
mas estava lá entre todas as outras, praticamente imperceptível
Mas me encantou aquele brilho fraco mas insistente
Resolvi subir na lua, como sempre fiz, para poder vê-la melhor
Quando cheguei não estava mais lá
Cansado e decepcionado,
me enconstei em uma pedra e cochilei um pouco
Acordei e ainda era noite, resolvi voltar pra minha estradinha
e continuar meu caminho
Foi quando notei uma certa luminosidade
naquela porta em frente a escadinha
Pensei muito antes de decidir verificar o que seria
Quando cheguei na escadinha vi que a porta não havia mais,
e uma luz forte vinha de dentro,
principalmente na janela do terceiro quarto à esquerda,
aquele do segundo andar
Era a estrelinha,
ela veio a mim e entregou as coisas que estavam trancadas no baú
Tudo estava quente novamente,
a luz penetrou em todos os ventrículos e átrios da casa,
que voltou a pulsar e iluminar todo o resto
Tudo está limpo, agora posso ficar, pra sempre
Não estou mais sozinho nem com medo,
a estrelinha está aqui, cuidando de mim..."
(Van Zanetti)

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