domingo, 1 de novembro de 2009

OS FIOS DA SEPARAÇÃO...

"Dos fios desta separação,
abre-se uma porta discreta,
pequena, quase imperceptível...
Economizar uma ou outra palavra não faz diferença,
são fios longos um emaranhado de ondas e feixes de luz.
Não faz grande diferença a geografia das frases...
Falamos, articulando tons e gestos apenas.
Nada transcorre de fato nas frases.
Nada nas palavras ou no entre-sílabas...
Mas fios, um emaranhado que às vezes transparece,
às vezes some um calar de expressões e olhares,
a boca entreaberta,
um fechar de pálpebras ao alcance das mãos, a maçaneta.
A porta, uma pequena porta que às vezes transparece,
às vezes some nesse longo emaranhado de fios
em que se buscam e se perdem nossas vozes,
nossos vãos fios, e uma longa separação.
A porta entreaberta...
Já não posso me conter.
As curvas transparecem em meus dedos,
a curvatura da maçaneta e a porta tão pequena,
ao fundo a porta que se abre,
a porta e a passagem para fora..."
(Annita Costa Malufe)

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