sábado, 7 de novembro de 2009

VAZIO ATÉ O OCO

"Ao lado do vazio sem fronteiras,
Encubado e vidratório, vazio até o oco.
Do lado de lá da fronteira: o outro.
Do lado de cá: o vazio profundo, emparedado,
solicitude tendendo a zero, pressão negativa,
buraco negro sem cor.
O vazio com fronteiras tem limites para fora, não para dentro.
Muito adentro o vazio com fronteiras, seu conteúdo,
sua matéria mais vasta e impalpável: o gomo.
E o gume, nas arestas.
Logo que, um homem,
que se tenha perdido nos espaços deste vazio,
tendo inadvertidamente atravessado as fronteiras
-para cá, é lógico - nada tem a fazer
senão andar no espaço reservado ao vazio
pelos limites afiados no invisível, indivisível.
Caminha dentro, e só.
E é apenas dentro,
tanto faça ele rodear o perímetro de milímetros adentro,
quanto se aprofundar no sem fim das profundezas do vazio."
(Luis Gustavo Cardoso)

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