quarta-feira, 11 de novembro de 2009

ZERO GRAU DE LIBRA

"Deus, põe teu olho amoroso sobre todos
os que já tiveram um amor, sem nojo nem medo
e de alguma forma insana esperam a volta dele:
que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem.
Derrama teu olho amável sobre as criancinhas demônias
criadas em edifícios, brincando aos berros
em playgrounds de cimento...
Passeia teu olhar fatigado pela cidade suja, Deus,
Derrama sobre elas teu olhar mais impiedoso, Deus,
e afia tua espada.
Que no zero grau de Libra, a balança pese exata
na medida do aço frio da espada da justiça.
Mas para nós, que nos esforçamos tanto
e sangramos todo o dia sem desistir,
envia teu Sol mais luminoso, esse do zero grau de Libra.
Sorri, abençoa nossa amorosa miséria atarantada..."
(Caio Fernando Abreu)

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