tag:blogger.com,1999:blog-60296484091566713732024-02-02T12:30:24.977-08:00LUÍS ANDRARREIS"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo." (Clarice Lispector)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.comBlogger2121125tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-19332306783086846392011-06-22T07:14:00.000-07:002011-06-22T07:19:54.539-07:00RETRATO DE UM DESCONHECIDO"Ele tinha uns ombros estreitos, <br />E a sua voz era tímida, <br />Voz de um homem perdido no mundo, <br />Voz de quem foi abandonado pelas esperanças, <br />Voz que não manda nunca, <br />Voz que não pergunta, <br />Voz que não chama, <br />Voz de obediência e de resposta, <br />Voz de queixa, nascida das amarguras íntimas, <br />Dos sonhos desfeitos e das pobrezas escondidas. <br /> <br />Há vozes que aclaram o ser, <br />Macias ou ásperas, vozes de paixão e de domínio, <br />Vozes de sonho, de maldição e de doçura. <br />Os ombros eram estreitos, <br />Ombros humildes que não conhecem as horas <br />De fogo do amor inconfundível, <br /> <br />Ombros de quem não sabe caminhar, <br />Ombros de quem não desdenha nem luta, <br />Ombros de pobre, de quem se esconde, <br />Ombros tristes como os cabelos de uma criança morta, <br />Ombros sem sol, sem força, ombros tímidos, <br />De quem teme a estrada e o destino <br />De quem não triunfará na luta inútil do mundo: <br />Ombros nascidos para o descanso das tábuas de um caixão, <br />Ombros de quem é sempre um Desconhecido, <br />De quem não tem casa, nem Natal, nem festas; <br />Ombros de reza de condenado, <br />E de quem ama, na tristeza, a sombra das madrugadas; <br />Ombros cuja contemplação provoca as últimas lágrimas. <br /> <br />Os seus pés e as suas mãos acompanhavam <br />Os ombros num mesmo ritmo. <br />Mãos sem luz, mãos que levam à boca <br />O alimento sem substância, <br />Mãos acostumadas aos trabalhos indolentes, <br />Mãos sem alegria e sem o martírio do trabalho. <br />Mãos que nunca afagaram uma criança, <br />Mãos que nunca semearam, <br />Mãos que não colheram uma flor. <br />Os pés, iguais às mãos <br />— Pés sem energia e sem direção, <br />Pés de indeciso, pés que procuram <br />As sombras e o esquecimento, <br />Pés que não brincaram, pés que não correram. <br /> <br />No entanto os olhos eram olhos diferentes. <br />Não direi, não terei a delicadeza precisa na expressão <br />Para traduzir o seu olhar. <br />Não saberei dizer da doçura e da infância daqueles olhos, <br />Em que havia hinos matinais e uma inocência, <br />Uma tranqüilidade, um repouso de mãos maternas. <br /> <br />Não poderei descrever aquele olhar, <br />Em que a Poesia estava dormindo, <br />Em que a inocência se confundia com a santidade. <br />Não poderei dizer a música daquele olhar <br />Que me surpreendeu um dia, <br /> <br />Que se abriram diante de mim como um abrigo, <br />E que me trouxe de repente os dias mortos, <br />Em que me descobri como outrora, <br />Livre e limpo, como no princípio do mundo, <br />Envolvido na suavidade dos primeiros balanços, <br />Sentindo o perfume e o canto das horas primeiras! <br />Não direi do seu olhar! <br /> <br />Não direi do seu olhar! <br />Não direi da sua expressão de repouso! <br />Ainda não sei se era dele esse olhar, <br />Ou se nasceu de mim mesmo, num rápido instante de paz <br />E de libertação!" <br /><br />(Augusto Frederico Schmidt)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-38805943019779633792011-02-19T13:29:00.000-08:002011-02-19T13:31:41.651-08:00ESTOU APRENDENDO..."Venha pra perto de mim e veja como eu estou só <br />Senta, não olha pro chão<br />A culpa não foi de ninguem, não, não<br />Ahh, tô aprendendo a viver sem você <br />Sei que o dia raiou para mim <br />Mas pra você tanto fez <br />Sei que não vou mudar sou assim <br />Para você sou mais um <br />Ahh, tô aprendendo a viver sem você <br />Ahh, tô aprendendo e não quero aprender<br />Tô voltando pro meu recanto <br />Lá é bem melhor <br />Não, não sei quem vai estar me esperando <br />Eu nunca vou estar só <br />tô aprendendo a viver sem você <br />tô aprendendo e não quero aprender <br />tô aprendendo a viver sem você..." <br />(Rodrigo Netto)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-60491544270240412242011-01-17T07:35:00.000-08:002011-01-17T07:36:12.289-08:00SÓ SEI FALAR DE AMOR"Sinto algo no meu pulso<br />e fervoroso escrevo apressado no impulso,<br />por que pulsa dentro de mim um fogaréu que me inflama.<br /><br />Sinto a solidão da noite e acordo em claro, em chamas,<br />levanto sonolento, <br />no escuro da madrugada silenciosa, no alento,<br />e como alguém que subscreve, subscrevo mascarado,<br />quase de olhos serrados.<br /><br />O amor que sinto vem das entranhas,<br />sigo algo impulsivo e um pulsar de amor que vem estranho,<br />é meu coração que eu mesmo assim me fiz.<br /><br />Sinto saudades do amor da mulher que amei e não me quis,<br />por não saber me amar, não saber de fato se entregar,<br />por medo do pecado que a Igreja lhe entranhou,<br />por vergonha de amar pela sociedade que mal lhe ensinou,<br />mas o verdadeiro mal lhe impregnou.<br /><br />Já amo muito aquela mulher que ainda vai demais me amar,<br />amo os filhos meus e dela que ainda vão nascer.<br />Amo os meus filhos distantes que ainda em breve vão chegar, <br />e no meu colo vão se achegar.<br />Amo meus pais que se foram e em Jesus vão ressuscitar.<br />Amo poucos parentes distantes daqueles muitos tão perto,<br />os amigos virtuais que preenchem as manhãs e noites,<br />e os reais tão poucos mas distantes que eu cerco,<br />os meus cães tão fervorosos comigo no dia a dia<br />e os animais e a flora, da natureza sã.<br />Amo minhas tintas, canetas, as cores, a poesia.<br /><br />Eu só sei falar de amor, me perdoem falar.<br />Exalo-me em amor sem-vergonha, sem medo de amar, <br />pois o amor é pra se sentir, pensar, escrever, falar, dar, doar<br />e quem nunca amou ou amou pouco, ainda vai muito amar.<br /><br />A poesia ela me seduz e encanta, me ilude e faz sonhar.<br />A verdade é a minha pele nua e crua, sem ninguém a acariciar<br />e a solidão a me espreitar os sonhos a me trazerem insônia,<br />assim escrevo nas madrugadas pra desabafar<br />a solidão de um artista e poeta perante a imensa natureza, <br />sem tempo, apenas a poesia, o amor, a beleza..."<br /><br />(Pietro Biaggi)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-5441047141214539302011-01-04T10:35:00.000-08:002011-01-17T07:37:51.784-08:00ORAÇÃO"Que o corpo não seja um limite<br />Que a alma se liberte<br />Que se desancorem as paixões<br />Que se desencastelem as razões<br />Que se lavem as escadarias do medo<br />Que se evaporem as desavenças<br />Que desapareçam os moldes<br />Que os olhos se iluminem<br />Que as cores e cheiros se multipliquem<br />Que se ágüe a vida..."<br />(Augusto Martins)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-52828746721085107802010-12-30T05:02:00.000-08:002010-12-30T05:05:17.025-08:00TE AMO"Não preciso te conhecer pra dizer que te amo.<br />Seja lá quem você seja<br />és uma das faces do Ser no planeta.<br />Uma faceta que escorre <br />pelas gretas tentando safar-se.<br />Machuca. Machuca-se. <br />Dá murro em ponta de faca.<br />Bate cabeça. Dá as costas. <br />Enfrenta.<br />Não corre da raia. Tropeça.<br />Vai aos trancos e barrancos.<br />Luta para estar vivo. Aspira,<br />porque aspirar é da natureza de quem respira.<br /><br />Te amo,<br />seja preto, branco, vermelho ou amarelo.<br />Sei que o elo vai além das considerações<br />e o que nos une transluz em batidas cardíacas,<br />em cadências e pulsares.<br />Pode, até, esconder-se nos confins da Terra,<br />mas não adianta, tua essência berra.<br />Não há nesga que não esteja contida,<br />que não seja acolhida<br />pelo sopro do amor.<br /><br />Te amo e pronto!<br />Se queres o confronto,<br />se em alguma instância o desaponto,<br />põe um ponto.<br />Talvez reticências,<br />mas sempre existirá o nós.<br />Somos feitos de relações<br />e apesar de termos sentimentos que nos separam,<br />todos são um modo de amor que ainda não vingou.<br /><br />Te amo<br />pela simples razão.<br />Por ser fato consumado.<br />Para além das estribeiras.<br />No entanto e sem intuito.<br />Fortuito ou arteiro.<br />Te amo árido,<br />cálido, falido, polido,<br />intransigente, receptivo.<br />Não importa o adjetivo.<br />Te enxergo coração noviço,<br />em reboliço para entender o que se passa.<br />Para entender que aonde há fumaça<br />o fogo principia.<br />E se há fogo, não haverá paz <br />enquanto não se permitir incendiar-se<br />pela paixão do espírito.<br /><br />Te amo.<br />E por mais que disfarces,<br />por mais que se distraia<br />com púrpuras e brilhos<br />te vejo como a mais rara poesia.<br />Um capricho do Grande Espírito<br />ao povoar sua casa..." <br />(Rosam Cardoso)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-18389678620557776382010-12-25T17:05:00.000-08:002010-12-25T17:06:54.845-08:00CIÚME..."Descobri que sou ciumenta!<br />não tenho ciúme de você<br />tenho ciúme de mim,<br />da minha sombra.<br />Ela me ofusca<br />e quando você passa, nada vê<br />só a ela.<br />Essa não sou eu<br />ela não te quer<br />ela não sabe sorri o meu sorriso<br />ela não sabe te olhar como meus olhos<br />ela não não sabe te ouvir como eu<br />ela não tem braços para te abraçar como eu<br />mas o que me deixa mais tranquila<br />é que ela não tem boca para dizer o que eu sinto<br />Ela nunca vai te conquistar!"<br />(Margareth Bárbara)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-10122930330196817442010-11-16T16:27:00.000-08:002010-11-16T16:28:39.161-08:00UM DIA..."Um dia,<br />quando a ternura for a única regra da manhã,<br />acordarei entre os teus braços,<br />a tua pele será talvez demasiado bela<br />e a luz compreenderá<br />a impossível compreensão do amor.<br />Um dia,<br />quando a chuva secar na memória,<br />quando o inverno for tão distante,<br />quando o frio responder devagar<br />com a voz arrastada de um velho,<br />estarei contigo e cantarão pássaros<br />no parapeito da nossa janela,<br />sim, cantarão pássaros,<br />haverá flores,<br />mas nada disso será culpa minha,<br />porque eu acordarei nos teus braços<br />e não direi nem uma palavra,<br />nem o princípio de uma palavra,<br />para não estragar a perfeição da felicidade..."<br />(José Luís Peixoto)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-51996676148641220912010-10-17T21:02:00.000-07:002010-10-17T21:05:30.904-07:00QUANDO O AMOR VAI EMBORA..."Quando o amor resolve partir<br />Geralmente ele não sabe pra onde ir<br />Ele também nunca deixa um recado<br />E segue por aí arrasado<br />Quando ele decide que chegou a sua hora<br />Não existe nenhuma história<br />Que consiga prendê-lo<br />Nenhuma lembrança que possa detê-lo<br />Nada que o faça ficar<br />Quando acontece do amor acabar<br />Não nos avisa se depois vai voltar<br />Não nos confidencia se vai reviver<br />Quando ele termina, só nos faz sofrer<br />Quando o amor desliza por entre os dedos<br />Cheio de medos<br />E não ouve os nossos apelos<br />É sinal que ele se atropelou<br />Se partiu e se quebrou<br />Quando o amor vai embora<br />Deixa uma chaga aberta no peito<br />Uma esperança de vê-lo refeito<br />E quando ele foge pra lugares distantes<br />Quando se perde por entre momentos intrigantes<br />Por entre frases decepcionantes<br />É sinal que ele ficou fraco<br />Que virou um farrapo<br />Amor de verdade tem que ter qualidade<br />Equilíbrio e quantidade<br />Tem que ter sinceridade <br />Pode ser passivo de estragos, mas com consertos<br />Pode esmorecer, mas tem que saber sobreviver<br />Quando o amor realmente vai embora<br />E com ele carrega um peso dos ombros<br />E consegue logo remover os escombros<br />É porque ele definitivamente acabou<br />Mas quando o amor vai embora<br />Alguma cicatriz ele deixou<br />Algum arrependimento<br />Alguma dor, algum lamento<br />E aí vem o tempo...<br />O grande companheiro<br />E faz parecer que nada foi verdadeiro<br />Cada dia que passa, cada ano que se vai<br />Carrega todas as lembranças<br />Carrega as tristezas e as desconfianças<br />E aí... tropeça-se em outro amor<br />Esquece que já se viveu tanta dor<br />Quando um amor vai embora<br />Significa que chegou a hora<br />De apagar o passado<br />Olhar pro lado... e recomeçar<br />Quem sabe um novo amor encontrar..."<br />(Silvana Duboc)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-52802280103562532532010-10-14T05:16:00.000-07:002010-10-14T05:18:45.000-07:00AMOR ADORMECIDO"A vida é um eterno buscar <br />Buscar o possível em quem sabe o impossível<br />Impossível que instigar a ir mais longe<br />Mais longe fazer o que?<br />Buscar o que perdeu ?<br />Não, buscar o que é teu e que estava guardado<br />Guardado somente pra ti <br />Tu que viestes buscar o que nem sabia que já era teu<br />Por isso ele te reconheceu primeiro <br />E te contou quem era e o que fazia<br />Adormeceu te esperando, mas assim que te viu, despertou <br />E te lembrou que ele era teu, só teu <br />E que te esperou e muito mais esperaria <br />Até que que o teu buscar chegasse até ele... <br />Ele enfim te enlaçou e murmurou... <br />"Me leva contigo por que sou só teu desde sempre <br />Sou o teu amor,aquele que achavas perdido, <br />Mas eu só estava adormecido...<br />Esperando até que estivesses pronta pra mim..."<br />(Denise do Amaral)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-25458807230535340382010-10-12T10:55:00.000-07:002010-10-12T11:01:15.137-07:00ÁPICE DO AMOR"Ama-me com todas as urgências<br />Com toda a fome que as distâncias nos fizeram...<br />Ama-me com todos os defeitos<br />Com todas as verdades, que as mentiras negaram.<br />Ama-me do teu jeito, sem molduras, sem Verniz, <br />Em toda tua autenticidade.<br />Ama-me com ternura, com a força da sensualidade,<br />Com a razão e a loucura do amor.<br />Ama-me mesmo que para os outros seja sem nexo,<br />Nossa química não se explica,<br />s sente e multiplica...<br />Ama-me um tanto do que te amo<br />e saberá o que é o êxtase da felicidade..."<br />(Maxuel Scorpiano )ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-5579132310839314702010-10-12T10:29:00.000-07:002010-10-12T10:30:18.964-07:00QUERO ALGUÉM..."Quero alguém...<br />que decifre as minhas músicas<br />Que desvende os meus segredos<br />E venere os meus mistérios<br />Alguém para estancar todo esse sangue<br />a sensualidade contida e esse desejo que verte<br />e não encontra calhas onde escoar<br />Quero que percorra meus sons com os dedos<br />Que adentre essas cavernas<br />Que descubra esses caminhos<br />Alguém que termine as minhas deixas<br />Que, a cada frase que irrita, me complete<br />E a cada poro que grita, me liberte<br />Quero bom dia e a vontade de querer o dia inteiro<br />Quero gosto e quero cheiro<br />Quero toque e quero pele<br />Mas não quero tudo assim, exposto<br />Eu quero em partes, em etapas<br />E também não quero parte<br />Eu quero alguém.<br />E quero inteiro..." <br />(Karol Felicio)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-12979855059665745322010-10-12T05:36:00.001-07:002010-10-12T05:36:51.334-07:00CAMINHO"Tenho sonhos cruéis; n'alma doente<br />Sinto um vago receio prematuro.<br />Vou a medo na aresta do futuro,<br />Embebido em saudades do presente...<br /><br />Saudades desta dor que em vão procuro<br />Do peito afugentar bem rudemente,<br />Devendo, ao desmaiar sobre o poente,<br />Cobrir-me o coração dum véu escuro!...<br /><br />Porque a dor, esta falta d'harmonia,<br />Toda a luz desgrenhada que alumia<br />As almas doidamente, o céu d'agora,<br /><br />Sem ela o coração é quase nada:<br />Um sol onde expirasse a madrugada,<br />Porque é só madrugada quando chora."<br /><br />(Camilo Pessanha)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-89992784225066803382010-10-06T08:51:00.000-07:002010-10-06T08:53:22.075-07:00MUITO ALÉM DO JARDIM"Nosso amor morreu tao cedo<br />Durou o tempo exato da agonia, <br />Foi pro espaço muito além do jardim<br />Desafinou, quebrou o instrumento<br />Nosso amor não teve medo<br />Foi fulminante como um raio em noite, violento<br />Em tão pouco tempo e tão feliz quanto sim<br />Um desafio a mais ao sofrimento<br />Foi um tempo de um brilho intenso, embriagador<br />Justo quando eu me acliamatava o ar faltou<br />No instante em que acelerava, o sinal fechou<br />Peixe que fora d'água me escapou<br />No momento em que me sentava, o filme acabou<br />Foi como um edificio novo que desabou...<br />Foi como o incontrolavel fogo que se apagou<br />Foi novamente o tapa brutal da dor..."<br />(Sérgio Sampaio)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-68839739150595826022010-09-29T06:47:00.000-07:002010-09-29T06:48:51.836-07:00O SOM DO MUNDO"Amo quando chega à madrugada,<br />E ouço o som da noite...<br />Sento na lua, quieta parada<br />Apenas ouvindo...<br />Ouço a respiração da terra,<br />O pulsar do coração do mundo.<br />É um som misterioso,<br />Tem algo de enigmático...<br />É o som do mundo!<br />Que dentro de mim faz eco<br />Som que me encanta, me instiga<br />Que me faz perguntas<br />E não possuo respostas.<br />E continuo assim quieta, parada<br />Quase sem respirar...<br />Esperando... Ouvindo...<br />O respirar da Terra,<br />O som do silêncio,<br />O som do mundo..." <br />(Bandys)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-77909406139689403712010-09-27T11:39:00.000-07:002010-09-27T11:42:44.060-07:00DESENCANTO"Tua silhueta ainda arranha minha retina.<br />Contigo ignorei o futuro<br />vislumbrei apenas o preciso;<br />—um blefe do destino— <br />Que seja!<br />Atravessei meus espinhos,<br />perdi todas as defesas.<br />Hoje, imune à dor -refém de mim,<br />lastimo a insistência da vida.<br />Poderia ser tudo maior.<br />Sim! Poderia!<br />Mas era preciso muito...<br />muito mais!<br />Nessa paixão sem amanhãs;<br />-réstia de luz- refletida <br />nessa taça de cristal trincada..." <br />(Ana Cristina Souto)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-3545503285897480982010-09-27T11:36:00.000-07:002010-09-27T11:38:32.733-07:00EU SEI QUANDO TE AMO..."Eu sei quando te amo: <br />é quando com teu corpo eu me confundo, <br />não apenas nesta mistura de massa e forma, <br />mas quando na tua alma eu me introduzo <br />e sinto que meu sangue corre em ti, <br />e tudo que é teu corpo não é <br />que um corpo meu que se alongou de mim. <br /><br />Eu sei quando te amo: <br />é quando eu te apalpo e não te sinto, <br />e sinto que a mim mesmo então me abraço, <br />a mim que amo e sou um duplo, <br />eu mesmo e o corpo teu pulsando em mim..." <br />(Afonso Romano de Sant'ana)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-21219277947389263492010-09-27T10:58:00.000-07:002010-09-27T11:07:42.481-07:00O MEU CORPO..."Meu corpo é a única coisa que tenho<br />que é nada.<br />E como suicida luto contra moinhos, <br />tempestades e solidão<br />que é tudo. <br />Escondo-me nesta armadura de ossos,<br />carne e vestimentas.<br />E espio a vastidão do mundo pelos buracos dos olhos<br />como quem espia lugares estranhos<br />infinitos perigosos.<br />Meu corpo é a única coisa que tenho<br />para carregar o pretexto da alma.<br />É magro, feio e escandaloso o corpo<br />mas é única coisa que tenho<br />para caminhar pelo tempo e pelos sertões.<br />Garantia não tenho<br />se o meu corpo é forte e frágil ao mesmo instante<br />se sujeito-me ao abismo,<br />ao chão, à poeira.<br />Se estou marcado para me tornar saudade<br />lembrança e fotografias.<br />E minha história não terá mais<br />um cavalo para montar<br />e serei uma estátua invisível no espaço.<br />Garantia não tenho de nada, nada.<br />Não levarei escondido no bolso<br />nenhuma semente, nenhum suspiro, nenhum gesto<br />Pois tudo é podre, condenável<br />consumível.<br />Só é garantido o mais difícil:<br />a miragem na imensidão,<br />o que se supõe ao longe,<br />o completo mistério para se chegar até lá<br />não se sabe com que corpo<br />não se sabe com que asas<br />não se sabe..." <br />(Nirton Venancio)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-39862736009301350192010-09-27T10:51:00.001-07:002010-09-27T10:55:00.814-07:00EM CARNE VIVA..."Desejo essa carne viva da vontade muita <br />que me esfola a pele. <br />Me entrego a esse desatino que arranca o couro <br />mas não cora a cara.<br />Aceito a tua recusa clara pros meus desvarios <br />que te exponho em versos.<br />Mas renego o pudor imposto que me afasta ardida <br />do abortado abraço.<br />Desfaço juras nunca feitas por falta de tempo <br />ou talvez cansaço.<br />Te caço me sentindo a presa que se rende fácil <br />ao que diz tua língua.<br />Me amasso nessa cama quente em que nada espero <br />por querer demais.<br />E me esfrego em versos indecentes excitando a noite <br />e pedindo mais..."<br />(Sheyla de Castilho)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-11583163837017395852010-09-25T13:16:00.000-07:002010-09-25T13:18:17.348-07:00NAS LÁGRIMAS DE DESPEDIDA..."Já não tenho palavras<br />as últimas morreram no verão passado<br />e num funeral cheio de sinais<br />sinais de uma pontuação por conseguir<br />as palavras, no silencio, encontraram o seu lugar<br />a terra, o chão, que tanto pisei com avidez<br />e num cemitério desconhecido, distante dos olhares <br />lá estava eu com um sofrimento imaculado <br />a fazer o destino numa despedida sofrida. <br />Tudo agora é memória<br />guardada no ventre da imaginação <br />faltam-me as palavras que escreviam a lucidez<br />faltam-me as outras que escreviam esperança<br />faltam-me, sem que perceba, essa sensação<br />com que vibrava ao ler os teus passos<br />as tuas tormentas ou as brincadeiras perdidas<br />falta-me quase tudo, que tudo é o meu fim<br />que enterrou a alma dessa magia em desassossego. <br />Já não tenho palavras<br />roupagem do meu caminhar<br />agora sou, provavelmente, memória <br />que no tempo, aos poucos, também morrerá!" <br />(Paulo Afonso Ramos)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-9930040508840235452010-09-15T17:34:00.000-07:002010-09-15T17:35:33.469-07:00UMA COISA DOCE..."Tenho vontade<br />duma coisa doce<br />como se fosse vontade de ti<br />Tenho vontade<br />de uma coisa suave<br />como canto de ave<br />que encanta e sorri.<br />Tenho vontade de algo diferente<br />que deixa semente<br />agora e aqui<br />Tenho vontade<br />de dizer ao mundo<br />que doí, muito fundo<br />a vida , sem ti..." <br />(Maria Mamede)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-77564857293248457572010-09-15T17:30:00.000-07:002010-09-15T17:33:38.720-07:00CADA MOMENTO NUM ENSEJO..."Amei, com a delicadeza <br />de quem segura nas mãos<br />uma bolha de sabão<br />com o cuidado <br />de quem tece fios de seda,<br />acalentei a própria vida.<br />Esperei, <br />como quem contempla o sol<br />após a chuva torrencial<br />Desejei, <br />como quem almeja a paz<br />depois que o estrondo jaz<br />Não contemplo águas paradas<br />persigo o movimento <br />que há nas estradas<br />Hoje, não é o fim<br />encontro ondas dentro de mim<br />ainda amo, acalento, <br />espero, desejo e transformo <br />cada momento num ensejo..." <br />(Úrsula Avner)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-84082543630260424332010-09-15T14:58:00.000-07:002010-09-15T15:00:31.572-07:00SOU POUCO..."Como sei pouco, e sou pouco,<br />faço o pouco que me cabe<br />me dando inteiro.<br />Sabendo que não vou ver<br />o homem que quero ser.<br />Já sofri o suficiente<br />para não enganar a ninguém:<br />principalmente aos que sofrem,<br />na própria vida, a garra<br />da opressão, e nem sabem.<br />Não tenho o sol escondido<br />no meu bolso de palavras.<br />Sou simplesmente um homem<br />para quem já a primeira<br />e desolada pessoa<br />do singular - foi deixando,<br />devagar, sofridamente,<br />de ser, para transformar-se<br />- muito mais sofridamente -<br />na primeira e profunda <br />pessoa do plural.<br />Não importa que doa: é tempo<br />de avançar de mão dada<br />com quem vai no mesmo rumo,<br />mesmo que longe ainda esteja<br />de aprender a conjugar<br />o verbo amar.<br />É tempo sobretudo<br />de deixar de ser apenas<br />a solitária vanguarda<br />de nós mesmos.<br />Se trata de ir ao encontro.<br />-Dura no peito, arde a límpida<br />verdade dos nossos erros.-<br />Se trata de abrir o rumo.<br />Os que virão serão povo,<br />e saber serão, lutando..." <br />(Thiago e Mello)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-35366095731043864272010-09-15T14:23:00.000-07:002010-09-15T14:25:39.505-07:00SOU O QUE PERDI..“Sou aquele pedacinho de inocência que deixei no berço,<br />sou aquela imaturidade que perdi na adolescência,<br />sou aquelas insanidades que cometia<br />quando não possuía responsabilidades,<br />sou aquela doçura infantil<br />que tornou-se amarga ao crescer…<br />Sou aquela falta de senso,<br />sou aquele ser que escutava tudo<br />e sobre tudo perguntava,<br />que hoje fecha-se em lábios calados…<br />Sou a antiga pureza que foi profanada.<br />Sou o mancebo que tanto cortejava,<br />e que não se importava em receber nãos.<br />Sou aquela esperança, hoje tão rala, <br />que aos poucos, esvai-se do meu coração.<br />Sou feita do amor daqueles <br />que me tanto amaram nesta vida passageira,<br />sou feita do afeto tão precioso <br />dos meus escassos, porém dedicados amigos.<br />Sou a princesinha que cansou de sonhar acordada<br />com seu príncipe encantado,<br />sou a donzela que largou a vida<br />de rainha atrás de aventuras,<br />sou a adulta que não suporta a idéia de velhice…<br />Sou o que perdi..." <br />(Fernando Pessoa)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-62120376901062021512010-09-15T14:14:00.000-07:002010-09-15T14:15:42.040-07:00EU PEÇO CORAGEM..."A todos os ventos<br />eu peço coragem.<br />A cada estrela e estrada<br />Ao mar que não morre nunca<br />eu peço coragem.<br />E ao sol e à lua<br />E a todo o firmamento.<br />A cada pássaro, a cada pedra<br />A cada bicho da terra e do ar<br />Peço coragem a tudo o que vive agora<br />E ainda viverá<br />Coragem para cavalgar os dias<br />Navegar nas horas<br />E a cada minuto e segundo...sonhar." <br />(Roseana Murray)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6029648409156671373.post-26053119553347301342010-09-15T13:44:00.000-07:002010-09-15T13:45:54.385-07:00ASSIM TE LEMBRO..."Penso em ti como um desejo interrompido <br />que se teceu na minha memória.<br />E sonho-te mais do que te recordo.<br />Seleciono. <br />Invento-te um nome, um rosto. <br />Reconstruo. Reconstruo-te.<br />Peça a peça.<br />Minuciosamente –real ou irreal,<br />-Assim te lembro..." <br />(Amélia Pais)ANDRARREIShttp://www.blogger.com/profile/11659538857634724355noreply@blogger.com0