"Foi para ti que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada e para ti foi tudo.
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre...
Para ti dei voz às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo e pensei
que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente
porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida..."
(Mia Couto)
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
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