terça-feira, 13 de janeiro de 2009

EU NEM CONHECIA O AMOR...

"Nem conhecia o amor.
Eu fui obrigado a conhecer o avesso do mundo.
Pra sobreviver é dor de não entender
o que tinha acontecido, é dor de te perder, tudo.
Eu tive que nascer pra vida da cidade.
Não a vida social,
mas a vida da cidade e de seus cantos esquecidos.
O lixo do lixo.
Eu me perdia pela cidade, anônima,
e esse anonimato era um vício.
Eu não ter meu nome me absolvia de tudo.
Eu me embebedava do desejo cego por qualquer um...
E assim, eu me iniciei na solidão coletiva
dos que não têm nada a perder.
Mas, talvez, eu tenha até mais que os outros
a tentação de corresponder ao bem.
Uma tentação tão grande e absoluta,
um desejo de corresponder de forma tão total,
que paradoxalmente me tornou e me torna
escravo cego de minha escuridão.
E quando essa escuridão me possui,
eu até a confundo
com uma espécie de bem-aventurança..."

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