quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O SOM DO MUNDO

"Amo quando chega à madrugada,
E ouço o som da noite...
Sento na lua, quieta parada
Apenas ouvindo...
Ouço a respiração da terra,
O pulsar do coração do mundo.
É um som misterioso,
Tem algo de enigmático...
É o som do mundo!
Que dentro de mim faz eco
Som que me encanta, me instiga
Que me faz perguntas
E não possuo respostas.
E continuo assim quieta, parada
Quase sem respirar...
Esperando... Ouvindo...
O respirar da Terra,
O som do silêncio,
O som do mundo..."
(Bandys)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

DESENCANTO

"Tua silhueta ainda arranha minha retina.
Contigo ignorei o futuro
vislumbrei apenas o preciso;
—um blefe do destino—
Que seja!
Atravessei meus espinhos,
perdi todas as defesas.
Hoje, imune à dor -refém de mim,
lastimo a insistência da vida.
Poderia ser tudo maior.
Sim! Poderia!
Mas era preciso muito...
muito mais!
Nessa paixão sem amanhãs;
-réstia de luz- refletida
nessa taça de cristal trincada..."
(Ana Cristina Souto)

EU SEI QUANDO TE AMO...

"Eu sei quando te amo:
é quando com teu corpo eu me confundo,
não apenas nesta mistura de massa e forma,
mas quando na tua alma eu me introduzo
e sinto que meu sangue corre em ti,
e tudo que é teu corpo não é
que um corpo meu que se alongou de mim.

Eu sei quando te amo:
é quando eu te apalpo e não te sinto,
e sinto que a mim mesmo então me abraço,
a mim que amo e sou um duplo,
eu mesmo e o corpo teu pulsando em mim..."
(Afonso Romano de Sant'ana)

O MEU CORPO...

"Meu corpo é a única coisa que tenho
que é nada.
E como suicida luto contra moinhos,
tempestades e solidão
que é tudo.
Escondo-me nesta armadura de ossos,
carne e vestimentas.
E espio a vastidão do mundo pelos buracos dos olhos
como quem espia lugares estranhos
infinitos perigosos.
Meu corpo é a única coisa que tenho
para carregar o pretexto da alma.
É magro, feio e escandaloso o corpo
mas é única coisa que tenho
para caminhar pelo tempo e pelos sertões.
Garantia não tenho
se o meu corpo é forte e frágil ao mesmo instante
se sujeito-me ao abismo,
ao chão, à poeira.
Se estou marcado para me tornar saudade
lembrança e fotografias.
E minha história não terá mais
um cavalo para montar
e serei uma estátua invisível no espaço.
Garantia não tenho de nada, nada.
Não levarei escondido no bolso
nenhuma semente, nenhum suspiro, nenhum gesto
Pois tudo é podre, condenável
consumível.
Só é garantido o mais difícil:
a miragem na imensidão,
o que se supõe ao longe,
o completo mistério para se chegar até lá
não se sabe com que corpo
não se sabe com que asas
não se sabe..."
(Nirton Venancio)

EM CARNE VIVA...

"Desejo essa carne viva da vontade muita
que me esfola a pele.
Me entrego a esse desatino que arranca o couro
mas não cora a cara.
Aceito a tua recusa clara pros meus desvarios
que te exponho em versos.
Mas renego o pudor imposto que me afasta ardida
do abortado abraço.
Desfaço juras nunca feitas por falta de tempo
ou talvez cansaço.
Te caço me sentindo a presa que se rende fácil
ao que diz tua língua.
Me amasso nessa cama quente em que nada espero
por querer demais.
E me esfrego em versos indecentes excitando a noite
e pedindo mais..."
(Sheyla de Castilho)

sábado, 25 de setembro de 2010

NAS LÁGRIMAS DE DESPEDIDA...

"Já não tenho palavras
as últimas morreram no verão passado
e num funeral cheio de sinais
sinais de uma pontuação por conseguir
as palavras, no silencio, encontraram o seu lugar
a terra, o chão, que tanto pisei com avidez
e num cemitério desconhecido, distante dos olhares
lá estava eu com um sofrimento imaculado
a fazer o destino numa despedida sofrida.
Tudo agora é memória
guardada no ventre da imaginação
faltam-me as palavras que escreviam a lucidez
faltam-me as outras que escreviam esperança
faltam-me, sem que perceba, essa sensação
com que vibrava ao ler os teus passos
as tuas tormentas ou as brincadeiras perdidas
falta-me quase tudo, que tudo é o meu fim
que enterrou a alma dessa magia em desassossego.
Já não tenho palavras
roupagem do meu caminhar
agora sou, provavelmente, memória
que no tempo, aos poucos, também morrerá!"
(Paulo Afonso Ramos)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

UMA COISA DOCE...

"Tenho vontade
duma coisa doce
como se fosse vontade de ti
Tenho vontade
de uma coisa suave
como canto de ave
que encanta e sorri.
Tenho vontade de algo diferente
que deixa semente
agora e aqui
Tenho vontade
de dizer ao mundo
que doí, muito fundo
a vida , sem ti..."
(Maria Mamede)

CADA MOMENTO NUM ENSEJO...

"Amei, com a delicadeza
de quem segura nas mãos
uma bolha de sabão
com o cuidado
de quem tece fios de seda,
acalentei a própria vida.
Esperei,
como quem contempla o sol
após a chuva torrencial
Desejei,
como quem almeja a paz
depois que o estrondo jaz
Não contemplo águas paradas
persigo o movimento
que há nas estradas
Hoje, não é o fim
encontro ondas dentro de mim
ainda amo, acalento,
espero, desejo e transformo
cada momento num ensejo..."
(Úrsula Avner)

SOU POUCO...

"Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem,
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente,
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente -
na primeira e profunda
pessoa do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
-Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.-
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão serão povo,
e saber serão, lutando..."
(Thiago e Mello)

SOU O QUE PERDI..

“Sou aquele pedacinho de inocência que deixei no berço,
sou aquela imaturidade que perdi na adolescência,
sou aquelas insanidades que cometia
quando não possuía responsabilidades,
sou aquela doçura infantil
que tornou-se amarga ao crescer…
Sou aquela falta de senso,
sou aquele ser que escutava tudo
e sobre tudo perguntava,
que hoje fecha-se em lábios calados…
Sou a antiga pureza que foi profanada.
Sou o mancebo que tanto cortejava,
e que não se importava em receber nãos.
Sou aquela esperança, hoje tão rala,
que aos poucos, esvai-se do meu coração.
Sou feita do amor daqueles
que me tanto amaram nesta vida passageira,
sou feita do afeto tão precioso
dos meus escassos, porém dedicados amigos.
Sou a princesinha que cansou de sonhar acordada
com seu príncipe encantado,
sou a donzela que largou a vida
de rainha atrás de aventuras,
sou a adulta que não suporta a idéia de velhice…
Sou o que perdi..."
(Fernando Pessoa)

EU PEÇO CORAGEM...

"A todos os ventos
eu peço coragem.
A cada estrela e estrada
Ao mar que não morre nunca
eu peço coragem.
E ao sol e à lua
E a todo o firmamento.
A cada pássaro, a cada pedra
A cada bicho da terra e do ar
Peço coragem a tudo o que vive agora
E ainda viverá
Coragem para cavalgar os dias
Navegar nas horas
E a cada minuto e segundo...sonhar."
(Roseana Murray)

ASSIM TE LEMBRO...

"Penso em ti como um desejo interrompido
que se teceu na minha memória.
E sonho-te mais do que te recordo.
Seleciono.
Invento-te um nome, um rosto.
Reconstruo. Reconstruo-te.
Peça a peça.
Minuciosamente –real ou irreal,
-Assim te lembro..."
(Amélia Pais)

FRUTOS DE ENGANOS OU DE AMOR...

"Fruto de enganos ou de amor,
nasço de minha própria contradição.
O contorno da boca,
a forma da mão, o jeito de andar
(sonhos e temores incluídos)
virão desses que me formaram.
Mas o que eu traçar no espelho
há de se armar também
segundo o meu desejo.
Terei meu par de asas
cujo vôo se levanta desses
que me dão a sombra onde eu cresço
-como, debaixo da árvore,
um caule e uma flor..."
(Lya Luft)

SOU LIVRE PARA SEMPRE...

"Sou livre, livre pra sempre.
Não tenho mais, meu coração partido,
Não tenho mais, a dor do amor perdido.
Sou liberdade, solta como as nuvens.
Posso repousar, posso voar quando quiser.
Sou livre, me despi dos meus medos,
Me livrei dos fantasmas,
Me livrei das culpas.
Tirei a máscara da ironia,
Sou um ser melhor, maior.
Sou livre pra sorrir, e pra ser feliz.
Vou colorir meu mundo, com as cores
mais lindas e vivas que encontrar.
Vou alar meu coração, pra que busque
ele próprio a emoção.
Vou dar liberdade aos meus olhos,
pra que busquem as maravilhas.
Meus lábios libertos, dirão poesias.
Minha voz, cantará as mais lindas melodias.
Sou liberdade, sou brisa, sou carícia.
Sou um ser livre, encontrei o paraíso!"
(Ceci Poeta)

SEM QUE EU LEMBRE TEU NOME...

"Nenhum dia se vai
Sem que eu lembre teu nome
Sem que eu te pertença infinitas vezes
Sem que eu me afunde em teu amor.
Cada dia é cheio dessa espera
De que eu abra meus olhos
E te encontre perto de algum céu
Onde eu possa colorir teus lábios
Com beijos feitos de canção
Onde eu possa me prender ao teu corpo
Com laços vermelhos invisíveis de paixão
Sim, meu amor nenhum dia se vai
Sem esse céu que invento,
Sem que eu perceba
Que a única forma de te tocar
É através das poesias
Que ao entardecer te escrevo..."
(Càh Morandi)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A CURVA DO TEU SORRISO...

"Gosto de olhar a curva do teu sorriso.
A tua boca fechada sobre a paisagem.
Os teus olhos rasgados a fazerem-se à foz
e as mãos fechadas –tão musicais–
a procurarem abrigo por dentro dos dedos.
Gosto do teu corpo no espasmo da pele
o mergulho na liberdade de entardecer
no instante do silêncio das coisas.
Gosto de te olhar, de te olhar, de te olhar.
E voltar a olhar-te como se nunca te tivesse visto
para me demorar a conhecer-te os gestos, o espanto
e a memória no longo prazo de uma saudade
e ganhar asas pequeninas e desasossegadas..."
(flor_do_mar)

AMOR.COM

"Seria tão bom, se amor fosse assim
pura e simplesmente ponto com
num site bonito de se ver e escolher
alguém tão belo quanto uma emoção.
Como a que eu sinto falando com você
leva-me a passear entre as nuvens
banhar-me na chuva fina de verão
sol e lua entrelaçam suas mãos.
Ah! Seria tão louco e tão bom!
Poder clicar teu coração e esperar
a página do amor se abrir
completar a esperada conexão.
Depois tocar seu rosto com um enter
sentir o calor das suas mãos
pousando sobre as minhas, trêmulas
e ver na tela, pulsando, um coração..."
(Tere Penhabe)

NA CASA DO AMIGO...

"Na casa do amigo
os móveis flutuam
a um palmo do chão.
O ar é mais leve:
em cada recanto
os pássaros tecem.
Na casa do amigo
todas as confidências
são permitidas.
Todas as palavras
são entendidas
tão facilmente,
que é como água
falando com água.
Na casa do amigo
o coração se alimenta..."
(Roseana Murray)

HOJE...

"Hoje há uma vontade de dar um nó
na nuvem que carregas no olhar.
Eu sei.
Hoje tens o tédio dos telhados.
A monotonia de um dia sem sol,
chuva e vento.
Queres uma revolução subversiva
de versos e beijos.
Eu vi.
Hoje abrisse o livro
das coisas já escritas.
Sentisse saudade das palavras
ainda não nascidas,
uma vontade insana de rejuvenescer.
Eu li.
Hoje há tensão no olhar!
Rasgas todas as histórias precipitadas.
Enquanto cais no abismo
reescreves teu próprio poema-destino.
Eu senti..."
(Denison Mendes)

AQUILO QUE ME INQUIETA...

"Aquilo que me inquieta
me revela mais do que o que me conforta.
Nas linhas vazias perco as palavras
que descobri com as pontas dos dedos,
o corpo em chamas,
sabendo de águas sem desfrutá-las.
Sei de lama e ferrugem febril
que habita as transparentes florações.
Sei dos cogumelos úmidos na boca,
grãos na folha a boiar poemas.
A palavra me engana:
confeito doce e colorido, ela me atrai,
mas dura e pétrea
e dolorosa de degustar na língua,
revira-se na garganta,
pára enroscada no coração.
Aquilo que me inquieta
é o que mais me conforta..."
(Rita Schultz)

PRISIONEIROS

"Será o tempo uma cilada
armada nos cantos das cidades
onde os homens articulam versos
e revoluções?
Ou só um ato desatado
num palco de cem cenários
como a cortina deste século
envolta no peso atômico
dos elementos?
Será um artifício
que arrebenta a cada instante
as portas escoradas na distância
feito o outro lado do meu corpo andante
a caminhar impune
pelas veias secas dos teus braços?
Ou nada há que investigar
nos rostos atônitos das crianças
no cansaço incerto dos passantes?"
(Otávio Afonso)

LIÇÃO

"Por todas as coisas aprendidas
inutilmente,
por todas as coisas
guardadas no improviso da dor
agora recolho meu próprio vulto
no que permite a solidão
neste duro chão humano
mas me falta o suor
do teu corpo
e a direção dos ventos..."
(Otávio Afonso)

FATALISMO

"Amo o que em ti há de trágico.
De mau. De sublime.
Amo o crime escondido no teu andar.
A tua forma de olhar.
O teu riso fingido e cristalino.
Amo o veneno dos teus beijos.
O teu hálito pagão.
A tua mão insegura
na mentira dos teus gestos.
Amo o teu corpo de maçã madura.
Amo o silêncio perpendicular do teu contato
A fúria incontrolável da maré
nas ondas vaginais do teu orgasmo.
E esta tua ausência
Este não-ser que é..."
(Manuela Amaral)

A CORAGEM DO NOSSO AMOR

"Silêncio
Acordei com o barulho da tua paz
Que gritava em mim o silêncio do teu amor
Ouvi, li, reli, respondi e em poesia te escrevi.
O meu sossego já trazia
o dia pra silenciar o meu amor
Pra matar tua saudade te acariciar com suavidade
Amar-te em liberdade...Esperarmos a noite...
Egoisticamente nossa. Só nossa.
Seduzir-te pela madrugada...
Fico calada.
Faço-te morada só pra te sentir.
Amo-te.
Faço do nosso prazer o silêncio do seu grito
Conduzo-te pra minha alma, te faço dormir.
Sonhamos.
Nosso sonho se enriquece
com a coragem do nosso amor..."
(Bandys)

NOÇÕES

"Entre mim e mim,
há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água
minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar,
e investiga o elemento quea atinge.
Mas, nesta aventura do sonho
exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito
das respostas que não se encontram.
Virei-me sobre a minha própria existência,
e contemplei-a
Minha virtude era esta
errância por mares contraditórios,
e este abandono
para além da felicidade e da beleza.
Ó meu Deus, isto é a minha alma:
qualquer coisa que flutua
sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano
sobre a areia passiva e inúmera..."
(Cecília Meireles)

ANUNCIAÇÃO

"Aqui, eu.
Neste mesmo lugar tão diferenciado
pela poesia da tua passagem.
Dentro de mim
meu coração bate tranqüilo,
meu sangue circula normalmente,
minha alma sabe que sou eu.
Lá fora
a lua espraia encanto pela terra,
o vento larga uma canção pelo infinito,
o mar enrola um apelo no silêncio.
Todos os elementos seguem
cumprindo como sempre as suas funções.
Mas aos poucos
o coração começa a bater como temendo,
o sangue começa a queimar dentro da espera,
a alma começa a me desconhecer.
Por quê?
Pode ser a lua que viola a sua rota.
Pode ser o vento que ultrapassa os horizontes.
Pode ser o mar que se estrangula além da terra.
Ou pode, simplesmente,
pode ser apenas, simplesmente,
o espaço que se abra
anunciando a tua volta..."
(Pedro Lyra)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

SONETO DO AMIGO

"Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica..."

(Vinicius de Moraes)

O BEIJO QUE ME DERAM...

"O beijo que me deram trazia dentro
um pranto, um toldo verde, argúcias.
O beijo que me deram fez-se permanência,
astuta enzima por dentro da boca.
Cuspo fora o beijo que me deram.
Talvez ainda reste algum tempo de espera,
algum tempo para ficar
diante do espelho sonâmbulo.
Tenho a boca macerada
pelo beijo que me deram.
Tenho a memória massacrada também:
primeiro a mão espinhando a cintura,
depois o calor,
depois a boca dizendo-se água
e vazando sobre mim.
Depois a solidão crivada.
Sou um homem triste com um beijo entravado,
entrevedo, na mucosa..."
(Rubens da Cunha)

domingo, 5 de setembro de 2010

SONHOS REALIZADOS

"Tenho permitido soltar o meu olhar
Para que ele apreenda outra forma de olhar
Sentindo o que o outro olhou.
Tenho permitido me embalar
Nas emoções de olhar fotos
Não vejo fotos, vejo lugares
Não vejo fotos, me sinto
Não vejo fotos, me transporto
Não vejo foto, me vejo...
Neste envolvimento com um mundo de fotografias
Descubro um mundo meu adormecido
Acordo partes de mim que dormiam
Sonhos e sonhos
Sonhos realizados
Sonhos pulsando querendo vida..."
(Paula Barros)

MINH'ALMA ANDA INQUIETA...

"Minh'alma anda inquieta.
Vagueia por entre ruelas e becos de mim mesma,
a procura de sei lá o que.
Talvez palavras novas,
que possam traduzir melhor velhos sentimentos,
ou, quiçá, novos matizes, para pintar a vida,
já tão desbotada e cansada dos velhos entretons.
Quero o novo, o inconquistável, o impossível,
quero a descoberta de algo que faça a diferença
nessa mesmice do dia-a-dia.
Já não quero mais as encanecidas letras ,
as pontuações, frases feitas, e bordões.
Quero o inusitado, o insólito.
Estou entediada das mesmas cores, das mesmas paisagens,
dos mesmos maçantes coloridos, os mesmos vocábulos.
Quero desbravar o novo.
Quero um explosão de cores
que escondam a pasmaceira que existe por aí,
diferentes nuances para o cinza da melancolia...
Quero um punhado de palavras novas,
que sejam capazes de exprimir o que estou sentindo,
já que as avelhantadas já estão tão gastas...
Minh'alma quer calma, quer serenidade,
a paz contida no vôo dos pássaros,
ou nos campos floridos da primavera.."
(Ava)

LÁGRIMA

"Hoje quero ouvir o meu silêncio
Quero escutar meu coração
Que se rendeu aos meus gritos
Quero ficar em silêncio
Para sentir o barulho da lágrima
Que nasceu nos meus olhos,
Passeou pelo meu rosto
Brincou pelos meus lábios
E se aconchegou no coração.
Quero ficar em silêncio
Pra ouvir meu coração voltar...
Quero ficar em silêncio
Pra pensar em você
Porque senti falta de mim.
Quero ficar em silêncio pra sentir
Meu coração pulsar...
É a lágrima que vem regar
O jardim do meu coração..."
(Bandys)