quarta-feira, 3 de junho de 2009

COMO ME TORNEI LOUCO...

"Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
um dia, muito tempo antes
de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo
e notei que todas as minhas máscaras
tinham sido roubadas - as sete máscaras
que eu havia confeccionado e usado em sete vidas -
e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente,
gritando: "Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim
e alguns correram para casa, com medo de mim
E quando cheguei à praça do mercado,
um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
"É um louco!". Olhei para cima, pra vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua,
e minha alma inflamou-se de amor pelo sol,
e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe, gritei:
"Benditos, bendito os ladrões
que roubaram minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade
como segurança em minha loucura:
a e a segurança de não ser compreendido,
pois aquele desigual que nos compreende
escraviza alguma coisa em nós..."