domingo, 24 de agosto de 2008

QUEM SOU EU:

As vezes paro e penso,
e vejo tudo ao meu redor,
vendo tudo o que passou,
e o tempo que não volta mais...
Sinto o meu presente, distante do que sinto,
vivendo neste instinto do amor e desamor.
Admiro o futuro, com suas ilusões e esperanças,
remoendo a cada dia,
aquilo que chamamos de lembrança.
Chega de mentira e de viver na imprudência,
em achar que a aparência vale mais do que o amor...
Sempre me pergunto: Quem sou eu? e quem serei?
Ai! pergunta sem resposta.
Pois já dizia o filosofo: "Só sei que nada sei".
(Luan Pereira)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

ALMAS PERFUMADAS

"Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta.
De sol quando acorda. De flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande,
sem relógio e sem agenda...
Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça.
Lambuzando o queixo de sorvete.
Melando os dedos com algodão doce
da cor mais doce que tem pra escolher...
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
mas que a gente desaprende a ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.
De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem
e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa
e trocando o salto pelo chinelo...
Sonhando a maior tolice do mundo
com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas, pode ser abril,
mas parece manhã de Natal
do tempo em que a gente acordava
e encontrava o presente do Papai Noel...
Tem gente que tem cheiro das estrelas
que Deus acendeu no céu
e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível,
a gente tem certeza...
Ao lado delas,
a gente se sente visitando um lugar feito de alegria.
Recebendo um buquê de carinhos...
Abraçando um filhote de urso panda.
Tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas,
saboreamos a delícia do toque suave
que sua presença sopra no nosso coração...
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa.
Do brinquedo que as gente não largava.
Do acalanto que o silêncio canta.
De passeio no jardim...
Ao lado delas,
a gente percebe que a sensualidade é um perfume
que vem de dentro e que a atração que realmente
nos move não passa só pelo corpo...
Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas,
a gente lembra que no instante em que rimos
Deus está dançando conosco de rostinho colado...
E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Costumo dizer que algumas almas são perfumadas,
porque acredito que os sentimentos também têm cheiro
e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia.
Minha avó era alguém assim.
Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores.
A minha, foi uma delas.
E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado,
que ela mudou de frasco,
mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou..."
(Ana Claudia Saldanha Jácomo)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A INCERTEZA DA ALMA...

"A incerteza cai com a tarde no limite da praia.
Um pássaro apanhou-a, como se fosse um peixe,
e sobrevoa as dunas levando-a no bico.
O seu desenho é nítido,
mas sombras da dúvida
ou as manchas indecisas da angústia.
Termina com a interrogação, os traços do fim,
o recorte branco de ondas na maré baixa.
Subo a estrofe até apanhar esse pássaro com o verso,
prendo-o à frase, para que as suas asas
deixem de bater e o bico se abra.
Então, a incerteza cai-me na página,
e arrasta-se pelo poema,
até me escorrer pelos dedos
para dentro da própria alma..."
(Nuno Júdice)

FOTOGRAFIAS...

"Eis-me acordado
Com o pouco que me sobejou da juventude nas mãos
Estas fotografias onde cruzei os dias sem me deter
E por detrás de cada máscara desperta
A morte de quem partiu e se mantém vivo...
A luz secou na orla desértica da cidade
Escrevo para sobreviver
Como quem necessita de partilhar um segredo...
Este corpo em que me escondi... gastou-se...
Quantas noites permanecerão intactas no fundo do mar?
O rosto ainda jovem
Foi o tesouro de seivas que me entonteceu
Pelo corpo condeno-me à vida
De susto em susto à inutilidade da escrita...
Mas eis-me acordado
Muito tempo depois de mim
Esperando por alguma fulguração do corpo esquecido
À porta do meu próprio inferno..."
(Al Berto)

A AUSÊNCIA

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim..."
(Carlos Drummond de Andrade)

SOU UM ESTRANGEIRO...

"Sou um estrangeiro neste mundo.
Sou um estrangeiro, e há na vida do estrangeiro
uma solidão pesada e um isolamento doloroso.
Sou assim levado a pensar
sempre numa pátria encantada que não conheço,
e a sonhar com os sortilégios
de uma terra longínqua que nunca visitei.
Sou um estrangeiro para minha alma.
Quando minha língua fala, meu ouvido estranha-lhe a voz.
Quando meu Eu interior ri ou chora,
ou se entusiasma, ou treme,
meu outro Eu estranha o que ouve e vê,
e minha alma interroga minha alma.
Mas permaneço desconhecido e oculto,
velado pelo nevoeiro, envolto no silêncio.
Sou um estrangeiro para o meu corpo.
Todas as vezes que me olho num espelho,
vejo no meu rosto algo que minha alma não sente,
e percebo nos meus olhos
algo que minhas profundezas não reconhecem.
Sou um estrangeiro neste mundo.
Se sair à luz,
a sombra de meu corpo me segue,
e as sombras de minha alma me precedem,
levando-me aonde não sei,
oferecendo-me coisas de que não preciso,
procurando algo que não entendo.
Idéias estranhas atormentam minha mente,
e inclinações diversas,
perturbadoras, alegres, dolorosas, agradáveis.
À meia-noite, assaltam-me fantasmas de tempos idos.
E almas de nações esquecidas me fitam.
Interrogo-as, recebendo por toda resposta um sorriso.
Quando procuro segurá-las,
fogem de mim e desvanecem-se como fumaça.
Sou um estrangeiro neste mundo.
Sou um estrangeiro e não há no mundo quem conheça
uma única palavra do idioma de minha alma...
Permanecerei um estrangeiro
até que a morte me rapte e me leve para minha pátria..."
(Kahlil Gibran)

VIVA O INSTANTE...

"Vive o instante que passa.
Vive-o intensamente até à última gota de sangue.
É um instante banal, nada há nele
que o distinga de mil outros instantes vividos.
E no entanto ele é o único por ser irrepetível
e isso o distingue de qualquer outro.
Por que nunca mais ele será o mesmo
nem tu que o estás vivendo.
Absorve-o todo em ti, impregna-te dele
e que ele não seja pois em vão no dar-se-te todo a ti.
Olha o sol difícil entre as nuvens,
respira à profundidade de ti, ouve o vento.
Escuta as vozes longínquas de crianças,
o ruído de um motor que passa na estrada,
o silêncio que isso envolve e que fica.
E pensa-te a ti que disso te apercebes,
sê vivo aí, pensa-te vivo aí, sente-te aí.
E que nada se perca infinitesimalmente
no mundo que vives e na pessoa que és.
Assim o dom estúpido e miraculoso da vida
não será a estupidez maior
de o não teres cumprido integralmente,
de o teres desperdiçado numa vida que terá fim..."
(Vergílio Ferreira)

ONDE É QUE EU GUARDO O TEMPO?

"Onde é que guardo o tempo?
Posso agora dizer-vos que é dentro dos olhos.
Mesmo que se conservem assim límpidos
acabam por pousar neles algumas folhas.
Procuro depois que seja mais fácil
este caminho onde se encontram
os vestígios dos meus passos,
de qualquer encontro, de um gesto ainda furtivo.
Quantas sombras existem aí e me pertencem?
Sei que o repouso é menos que uma palavra.
Talvez chegue nas mesmas ondas
que julgávamos estar há muito esquecidas,
a neblina parece ser um arco onde se reúneo
que ficou abandonado para sempre.
É assim que começo a medir o tempo.
Alguns instantes reservo-os para a profundidadeda água;
outros para o modo como as minhas mãos estremecem..."
(Fernando Guimarães)

PARA OS QUE VIRÃO

"Como sei pouco e sou pouco,
Faço o pouco que me cabe
Me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
O homem que eu quero ser.
Já sofri o suficiente
Para não enganar a ninguém:
Principalmente aos que sofrem
Na própria vida, a garra da opressão, e nem sabem.
Não, não tenho o sol escondido no meu.
Bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
Para quem já a primeira
E desolada pessoa
Do singular – foi deixando,
Devagar, sofridamente
De ser, para tranformar-se
Muito mais sofridamente
Na primeira e profunda pessoa do plural.
Não importa que doa: é tempo
De avançar de mãos dadas
Com quem vai no mesmo rumo,
Mesmo que longe ainda esteja
De aprender a conjugar
O verbo amar.
É tempo sobretudo
De deixar de ser apenas
A solitária vanguarda
De nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(dura no peito,
arde a límpida verdade de nossos erros)
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
E saber serão, lutando."
(Thiago de Mello)

A FRUTA ABERTA

"Agora sei quem sou.
Sou pouco, mas sei muito,
porque sei o poder imenso
que morava comigo,
mas adormecido como um peixe grande
no fundo escuro e silencioso do rio
e que hoje é como uma árvore
plantada bem alta no meio da minha vida.
Agora sei as coisa como são.
Sei porque a água escorre meiga
e porque acalanto é o seu ruído
na noite estrelada
que se deita no chão da nova casa.
Agora sei as coisas poderosas
que valem dentro de um homem.
Aprendi contigo, amada.
Aprendi com a tua beleza,
com a macia beleza de tuas mãos,
teus longos dedos de pétalas de prata,
a ternura oceânica do teu olhar,
verde de todas as cores
e sem nenhum horizonte;
com tua pele fresca e enluarada,
a tua infância permanente,
tua sabedoria fabulária
brilhando distraída no teu rosto.
Grandes coisas simples aprendi contigo,
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
com as espigas douradas no vento,
com as chuvas de verão
e com as linhas da minha mão.
Contigo aprendi
que o amor reparte
mas sobretudo acrescenta,
e a cada instante mais aprendo
com o teu jeito de andar pela cidade
como se caminhasses de mãos dadas com o ar,
com o teu gosto de erva molhada,
com a luz dos teus dentes,
tuas delicadezas secretas,
a alegria do teu amor maravilhado,
e com a tua voz radiosa
que sai da tua boca
inesperada como um arco-íris
partindo ao meio e unindo os extremos da vida,
e mostrando a verdade
como uma fruta aberta."
(Thiago de Melo)

QUE VOCÊ CONHECE DE MIM...

"O que você conhece de mim
é essa parte que deixo visível
é o sorriso, o andar, o gesto insensível
até o calar dos sentimentos mais puros
o que eu deixo mostrar
é esse menino inseguro
que pega na sua mão
e pede a sua ajuda
mas, moça, não se iluda
com a minha dependência
eu aprendi a voar, a correr
a atravessar oceanos
e desvendar tempestades
mas tem dias que a saudade invade
eu penso somente em seu colo
sim, eu cresci mãe,
mas tem dias que penso em você
e serenamente choro."
(Léo Nolasco)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

UMA CRIANÇA NO CORAÇÃO...

Há uma criança no meu coração
cheia de esperança e de alegria...
o nome dela eu não sei....
Até tentei descobrir...
mas eu desisti,
pois ela me traz felicidade
e isso é que importa!!
Há uma criança dentro de mim
que me enche de paz,
que me traz amor.
Há uma criança no meu paladar
que me torna mais doce
e não tenho palavras para explicar
nem mais o que dizer...
Só sei que existe uma criança em meu coração...

domingo, 10 de agosto de 2008

QUERIA VOLTAR A SER CRIANÇA...

Crescer é ruim.
Tem responsabilidades...
Por que nos enganaram?
Disseram-me que adulto tem liberdade
Para fazer o que quer
Mentira, adulto é preso
Preso ao trabalho, à rotina, à alguém
Queria poder passar a tarde brincando
Assistir pela décima vez o filme da sessão da tarde
Ir dormir cedo e acordar com o beijo da mãe no rosto
E ainda ter que escutá-la gritando
Mandando ir tomar banho para fazer a tarefa de casa
Queria ver meu pai na reunião da escola
Atravessar a rua segurando bem firme em sua mão.
Ir à praia no domingo à tarde
E comer chocolate raspando a panela
Esperar meus pais no portão de casa
E contar como foi meu dia...
Ah, se alguém souber uma fórmula
Para fazer o tempo voltar
Por favor me comunique
Estarei trabalhando...

sábado, 2 de agosto de 2008

UM POUCO DE MIM...

"Há quem diga que a minha beleza interior
extrapola a falta de visão de um cego.
Para me ver bem,
é necessário quebrar as lentes dos óculos
e invadir-me com a grandiosidade dos sentidos,
provocar em mim emoções, porque eu ajo por impulso.
Na minha intimidade,
deixo que as lágrimas me escorreguem pelo rosto com facilidade.
Sou sensível mas escondo, pois só assim me protejo com a cruel,
dura e fria atitude daquilo que me ataca, perturba ou domina.
Aparentemente não gosto de ser dominado,
se bem que entre em contradição,
pois anseio que alguém me domine.
Não gosto do que é fácil e se obtenho na totalidade, descarto.
Admiro quem tem o condão de me fazer soltar gargalhadas.
Admiro quem tem sentido de humor,
porque rir é sempre o melhor remédio.
Sou infantilmente sonhador, acho graça à malícia,
ao picante da vida, e vejo terceiras intenções em muita coisa.
Conviver é um dos meus lemas..."
(Autor Desconhecido)