quinta-feira, 14 de agosto de 2008

ONDE É QUE EU GUARDO O TEMPO?

"Onde é que guardo o tempo?
Posso agora dizer-vos que é dentro dos olhos.
Mesmo que se conservem assim límpidos
acabam por pousar neles algumas folhas.
Procuro depois que seja mais fácil
este caminho onde se encontram
os vestígios dos meus passos,
de qualquer encontro, de um gesto ainda furtivo.
Quantas sombras existem aí e me pertencem?
Sei que o repouso é menos que uma palavra.
Talvez chegue nas mesmas ondas
que julgávamos estar há muito esquecidas,
a neblina parece ser um arco onde se reúneo
que ficou abandonado para sempre.
É assim que começo a medir o tempo.
Alguns instantes reservo-os para a profundidadeda água;
outros para o modo como as minhas mãos estremecem..."
(Fernando Guimarães)

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