domingo, 6 de abril de 2008

FLIPERAMA

"Eu não queria me apegar a você
Era pra ser um risco, um rabisco,
Um cotidiano indício
De que não há tempo para gostar
Era pra ser menor que o mar
Menos importante que o ar
A contramão de uma rima
Pois não haveria poesia
Era pra durar menos que um dia
E mesmo à minha revelia
Era pra dar lugar a um corpo novo
Era pra ser um esboço
Do quadro-solidão da minha sina
Porque é meu peito que determina
Quem deve ficar ou sair
Era pra você fugir
Quando despontasse o sol
Para que no mergulho diário
Fosse viável escapar do anzol
Que insiste em me condenar à pescaria
Eu não queria dizer, mas dizia.
Eu não podia sentir... e sentia
E hoje, em meio à nostalgia,
Grito seu nome sem parar
Em que verso eu me perdi?
E você onde está?
Será que voou para longe?
Será que me espera voltar?
Será que se lembra das juras
Trocadas após o jantar?
E tão longe de vocêAinda recebo seu corpo
E meio que a contra-gosto
Abro o zíper da sua calça
Minha alma alça vôos
E me conduz a sua lembrança
Querendo apostar na contradança
Ainda que tenha findado a valsa
Sem querer, no fim do dia,
Encontrei a fotografia
Que roubei naquela noite
Lado a lado com a minha
Inventei que estamos juntos
E mudando de assunto
Apostei nessa verdade:
Estamos sós nessa cidade
Que me remete à solidão
Meus pensamentos estão em você
E os seus onde estão?
Será que forjam argumentos?
Será que passeiam ao sabor do vento?
Será que soy loco por tu boca
Y así me voy muriendo?
Seu português defasadoMeu inglês debochado
E nossas línguas procurando
O que condenamos ao passado
Em que idioma falamos
Para que desse tudo errado?"
(Léo Nolasco)

Nenhum comentário: