"Meu corpo é a única coisa que tenho
que é nada.
E como suicida luto contra moinhos,
tempestades e solidão
que é tudo.
Escondo-me nesta armadura de ossos,
carne e vestimentas.
E espio a vastidão do mundo pelos buracos dos olhos
como quem espia lugares estranhos
infinitos perigosos.
Meu corpo é a única coisa que tenho
para carregar o pretexto da alma.
É magro, feio e escandaloso o corpo
mas é única coisa que tenho
para caminhar pelo tempo e pelos sertões.
Garantia não tenho
se o meu corpo é forte e frágil ao mesmo instante
se sujeito-me ao abismo,
ao chão, à poeira.
Se estou marcado para me tornar saudade
lembrança e fotografias.
E minha história não terá mais
um cavalo para montar
e serei uma estátua invisível no espaço.
Garantia não tenho de nada, nada.
Não levarei escondido no bolso
nenhuma semente, nenhum suspiro, nenhum gesto
Pois tudo é podre, condenável
consumível.
Só é garantido o mais difícil:
a miragem na imensidão,
o que se supõe ao longe,
o completo mistério para se chegar até lá
não se sabe com que corpo
não se sabe com que asas
não se sabe..."
(Nirton Venancio)
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
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3 comentários:
Gostei bastante
Caro, este poema É DE MINHA AUTORIA, publicado pela primeira vez em outubro de 1981. Plinio Sanderson leu o poema em 1982 e não deu o devido crédito. Já mantive contato com ele, que admitiu o erro, e se explicou. Agradeço a Neuzza Pinhero que trouxe o caso à tona, mas ela se precipitou e julgou erradamente.
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