quarta-feira, 18 de novembro de 2009

EU

"Até agora eu não me conhecia,
julgava que era eu e eu não era.
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
Mas que eu não era
Eu não o sabia mesmo que o soubesse,
o não dissera…
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim… e não me via!
Andava a procurar-me
- pobre louca!
- E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
E esta ânsia de viver, que nada acalma,
E a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!"
(Florbela Espanca)

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