quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O MEU PRIMEIRO AMOR...

"O meu primeiro amor sentávamos numa pedra
Que havia num terreno baldio entre as nossas casas.
Falávamos de coisas bobas,
Isto é, que a gente grande achava bobas
Como qualquer troca de confidências
entre crianças de cinco anos.
Crianças...
Parecia que entre um e outro
nem havia separação de sexos
A não ser o azul imenso dos olhos dela,
Olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
Nem no cachorro e no gato da casa,
Que apenas tinham a mesma fidelidade sem compromisso
E a mesma animal - ou celestial - inocência,
Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:
Não, não importava as coisas bobas que disséssemos.
Éramos um desejo de estar perto
Que não havia ali apenas duas encantadas criaturas
Mas um único amor sentado sobre a tosca pedra,
Enquanto a gente grande passava,
caçoava, ria-se, não sabia
Que eles levariam procurando
uma coisa assim por toda a sua vida..."
(Mário Quintana)

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