sexta-feira, 6 de novembro de 2009

EMBRIAGUEM-SE

"É preciso estar sempre embriagado.
Aí está: eis a única questão.
Para não sentirem o fardo horrível do tempo
que verga e inclina para a terra,
é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio,
sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto,
a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar,
pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta,
a tudo que fala, pergunte que horas são;
e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão:
"É hora de embriagar-se!
Para não serem os escravos martirizados do tempo,
embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso".
Com vinho, poesia ou virtude, a escolher..."
(Charles Baudelaire)

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