domingo, 15 de novembro de 2009

FRAGMENTO DE ODE

"Nas cartas que se escrevem e não chegam ao destino,
o que ficou dito tem o eco do que nunca será esquecido:
a voz que se ouviu numa paragem do tempo,
e atravessa o centro da memória
numa inquieta procissão de sombras.
Pudessem os arcos do horizonte
abrir-se como um lamento de pombas;
ou este sonho fechar-se
com o correr da cortina de um último ato:
nunca os dedos amados irão soletrar
a frase do crepúsculo,
soltando da sua música um enxame de sílabas.
E o azul enche a garrafa do céu
para que as aves se embriaguem no púlpito do infinito,
arrastando no seu vôo uma cinza de imagens..."
(Nuno Júdice)

Um comentário:

Anônimo disse...

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