"A palavra viva é que eu tenho amor:
Salta tão jovial ao nosso encontro,
Saúda com gesto gracioso,
É bela mesmo sem jeito,
Tem sangue,é capaz de esbravejar com brio,
E então entra até nas orelhas de um surdo,
Encaracola-se e põe-se a voar,
E em tudo o que faz – a palavra encanta.
Mas a palavra é um ser delicado,
Ora doente,ora outra vez sadia.
Se lhe queres poupar a pequenina vida,
Tens de lhe pegar com leveza e graça,
Sem a apalpares nem a apertares à bruta,
Que ela morre por vezes já de um mau olhar
E aí fica ela,tão desfigurada,
Tão sem alma,tão pobre e fria,
O seu corpinho a tal ponto transformado,
Da morte e da agonia mal-tratado.
Uma palavra morta – feia coisa,
Um chocalhante e seco cling-ling-ling.
Fora esses ofícios hediondos
Que fazem morrer as palavrinhas!"
(F. Nietzsche)
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário