segunda-feira, 16 de novembro de 2009

AS COISA QUE AMAMOS

"As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra -maior- realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos,
por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser
e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho do eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente,
sei lá, talvez no ar..."
(Carlos Drummond de Andrade )

Nenhum comentário: