segunda-feira, 16 de novembro de 2009

CENAS DA VIDA

"Não. Não escrevo o que sou.
Escrevo o que não sou.
Sou pedra. Escrevo pássaro.
Sou tristeza. Escrevo alegria.
A poesia é sempre o reverso das coisas.
Não se trata de mentira.
É que nós somos corpos dilacerados
–oh, pedaço arrancado de mim!-
O corpo é o lugar onde moram as coisas amadas
que nos foram tomadas, presença de ausências,
daí a saudade, que é quando o corpo não está onde está...
O poeta escreve para invocar essa coisa ausente.
Toda poesia é um ato de feitiçaria
cujo objetivo é tornar presente e real
aquilo que está ausente e não tem realidade."
(Rubem Alves)

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