segunda-feira, 16 de novembro de 2009

AMO E ODEIO...

"Amo o jeito dele de comer a última palavra da frase;
amo esse estilo que me confunde
e se não prestar um cadim de atenção
me perco entre o que é dito,
pensado ou sentido pelas personagens;
amo os lapsos na cronologia dos fatos;
amo as frases cruas e a (in?)previsibilidade emocional,
que me remete ao caos cinestésico
no qual estamos todos imersos, afinal;
amo a fragilidade latente,
que só vira agressão pela mais absoluta canhestrice.

Odeio aquele turbilhão descritivo que me torna incapaz
de imaginar o que ele quis que fosse importante nas frases;
odeio quando ele faz a loucura e a sordidez humanas
nos parecerem mais familiares;
odeio tudo ser tão factual, consumado,
irretorquível, tristíssimo...
odeio tudo estar a um passo da histeria
e ainda assim ser perfeitamente compreensível.
-Na verdade eu acho que odeio mesmo
é que isso pode ser um indício da minha histeria!-
E é isso. Odeio-te, meu amor!"
(Adriana Reis - sobre Caio Fernando Abreu)

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