segunda-feira, 1 de março de 2010

COMOVE-ME...

"Comovem-me ainda os dias
que se levantam
no deserto das nossas vidas.
Dos belos palácios da saudade
não resta a impressão dos dedos
nas colunas fendidas,
e nada cresce nos pátios.
Muito além, depois das casas,
o último marinheiro continua sentado.
Os seus cabelos são brancos,
pouco a pouco.
Aqui,
tudo se resume a algumas tâmaras
que secaram ao sol,
longe do orvalho,
das fontes que pareciam nascer de um olhar
turvo sobre a sede da terra.
Comovem-me ainda as palavras
que dizias aos meus ouvidos
aprisionados pela música.
Comovem-me as cadeiras vazias, no pátio.
Lembro-me sempre de ti..."
(José Agostinho Baptista)

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