segunda-feira, 1 de março de 2010

EU NÃO FUI EMBORA...

"Eu preciso te dizer que eu não fui embora.
Me perdoe, eu não consegui passar a porta,
seguir pelo jardim, fechar o portão.
Me perdoe, porque não te deixei!
Os poucos passos que dei não me fizeram ir longe.
Também não procurei a outra margem do rio, do mundo.
Eu não fui morar em marte,
não abandonei minhas peças de roupa,
o meu andar, não segui o vento.
Eu sei que não vai ser fácil entender,
porque na maioria das vezes as pessoas vão embora.
Mas me perdoe, porque eu ainda estou aqui!
Eu não te tirei do meu caminho,
dos meus dias demorados, das minhas culpas,
do meu primeiro e último pensamento do dia.
Não te coloquei em nenhuma caixa pequena,
não parei de ler nossas cartas e ver fotografias
quando me desse vontade.
Eu não te deixei porque no meu mundo,
no mundo que eu acredito,
e que deve existir mesmo que só dentro de mim,
as pessoas não vão embora,
a gente não abandona os nossos amigos.
E se por algum motivo esse amigo quiser partir,
o lugar dele estará sempre cuidado...
A gente vai ficar e decorar a sua árvore,
ela estará sempre cheia de flores,
terá sombra, perfume, e muita saudade,
pra que ele saiba, na sua volta,
que tem um lugar, um amor.
É por isso que eu não segui pra lugar nenhum,
não atravessei barreira,
nada que me levasse de verdade pra longe,
e não farei isso..."
(Juliana Freitas)

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