sábado, 28 de agosto de 2010

MAQUINISTA DE MIM...

Não tenho capítulos. Sou o texto puro.
Sou o plano de fundo, o branco que antecede o ato.
Nem novela, nem seriado. Sou o acabado.
Escrita cursiva e subversiva,
uma preposição proposta ao oposto,
sei não estar disposta e eis a minha resposta
que dispensa seu jogo de pontuação.
Minha estória é qualitativa,
sem traços nem recortes do teu sexo explícito
-manchete do jornal do dia.
Não cabe em meu contexto.
Suspensa em tua gaveta, sem abas, sem alça.
Não caibo em divisórias: estico bem as pernas
e traço o gancho pelo teu pescoço duvidoso.
E que soe o alarme de umidade no arquivo morto.
Escorro pelo ralo, água limpa que me tornas.
Sou impressão digital num espelho sujo de motel.
Caixa de entrada e minha mensagem não é de paz sublime,
é subliminar.
Meus olhos não buscam o teu melhor, tenho mãos.
Te quero arma de fogo, dedo no gatilho
e disparo sincronizado.
Sou o trem na contra-mão.
Maquinista de mim, busco a rota de colisão..."
(Gláucia Sonhadora)

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