sábado, 28 de agosto de 2010

NEM DRUMOND, NEM QUINTANA

"O anjo torto voltou o rosto resplendente
e disse apenas: -Assim não é possível.-
Desviou os olhos, retirou o amparo
e nem conselhos deu.
O anjo torto se foi e depressa me esqueceu.
Acredito que tudo isso seja só falta
de um estilo próprio.
Afinal, ninguém pode amar alguém
que não seja um outdoor de si mesmo
não saiba cantar e nem ao menos
saiba usar o photoshop.
Ninguém em sã consciência entende
tanta falta de cadência, tanta resignação
ante o real e tal falta de raça.
Qual é a graça de não ter respostas
e de viver entre livros e teclados
e nem ao menos se inscrever num chat
– maneira diuturna de procurar sua turma?-
Além de tudo os anjos voltaram à moda
e agora vivem diante dos espelhos
comprados secretamente na Avon
descobrindo o prazer da própria imagem
insipientes narcisistas
intolerantes para com mortais
que lhes pareçam angélicos demais..."
(Nem Drumond, nem Quintana)

Um comentário:

dade amorim disse...

Luís, este poema é de Dade Amorim.
Uma amiga do FB publicou outro poema como sendo meu, mas não me lembro dele nem está em meu diretório:

"Às vezes,
quando o passado se trança com o presente,
as coisas se complicam
e nosso tempo acaba ficando assim,
meio em tiras,
o perdido e o ganho convivendo em uma paz aparente
que a qualquer momento pode se esfarelar
e fazer desandar a vida..."

Este, Nem Drummond nem Quintana, é meu, e o anterior também.

Obrigada, uma abraço.