sábado, 28 de agosto de 2010

SOBRE A MESA QUE NÃO EXISTE

Fico em meio a todo este tumulto sonoro.
E puxo as ligações todas até mim
enquanto me conecto ao outro mundo,
que não sei dizer ser real ou não.
Exaustiva situação de usar cedilhas
em algumas frases e em outras, não.
Sou inconstante
e um tanto inconsequente sob a minha lua.
Sobre o meu desenho astral,
na curva da linha da minha mão.
Esquerda. Sou de direita
e são ignorantes pessoas que alto falam.
Discursam no meu palanque de cada dia.
Estouram as bolhas das minhas feridas.
Arrancam as cascas das minhas cicatrizes.
Fumam e se prostituem nas horas vagas.
Enquanto minha ausência faz a sala.
-E você ficou quieta?
Permaneço assim,
desde que abandonei o ventre de minha mãe
no mais incrédulo silêncio.
E a partida se tornou constante.
O silêncio, companhia.
Um gato que dorme noite e dia.
Um cactus na sala, em vaso cor-de-barro,
sobre a mesa que não existe."
(Gláucia Sonhadora)

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