sábado, 21 de agosto de 2010

FECUNDAÇÃO

"Teus olhos me olham longamente,
imperiosamente...
de dentro deles teu amor me espia.
Teus olhos me olham numa tortura
de alma que quer ser corpo,
de criação que anseia ser criatura
Tua mão contém a minha
de momento a momento:
é uma ave aflita meu pensamento
na tua mão.
Nada me dizes,
porém entra-me a carne
a persuasão de que teus dedos
criam raízes na minha mão.
Teu olhar abre os braços,
de longe,
à forma inquieta de meu ser;
abre os braços e enlaça-me toda a alma.
Tem teu mórbido olhar
penetrações supremas
e sinto, por senti-lo, tal prazer,
há nos meus poros tal palpitação,
que me vem a ilusão
de que se vai abrir
todo meu corpo em poemas..."
(Gilka Machado)

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