sábado, 21 de agosto de 2010

SOBRE A SOLIDÃO EM MIM

"Em fins de tarde como este,
eu olho ao redor e tenho medo da solidão.
Na verdade, estou tentando me enganar
sentindo medo dela: ela está cá ao meu lado...
Posso sentir o vento gelado em meu rosto.
Antes do sol cair o dia foi de sol,
folhas se balançando nas árvores,
cachorros andando nas ruas tranquilas
e eu sentada, olhando tudo
como uma atenta espectadora de mais um dia comum.
Senti vontade de rir das bobagens da vida,
de coisas triviais como todos faziam.
Mas tem dias que a solidão exige minha companhia
e me prende ao se lado.
Quando isso acontece nada faz muito sentido,
e eu sinto que nem a mim pertenço.
Que não pertenço a ninguém.
A solidão é como uma serpente traiçoeira
que insiste em ficar na espreita
para quem sabe me dar o bote.
As vezes a danada consegue...
Se enrola em mim, se apossa do meu corpo
e me faz chorar, gemer de dor.
E quando ela faz isso comigo
eu me sinto entre a vida e a morte,
mas meu desejo é estar viva.
Então o único analgésico que eu encontro ao meu lado
são meu velho caderno e minha caneta,
onde despejo todo o veneno que a solidão me trás...
e pouco a pouco ele vai se esvaindo,
e eu, mesmo só sei que vou ficar melhor..."
(Joyce Domingos)

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