sábado, 26 de setembro de 2009

ACABOU O SONHO...

"É, acabou.
Acabaram as tardes aos bancos na praça ,
a poesia vindo meio sem graça num sinal no rosto leitoso,
acabou essa segurança que a gente acha que tem
mas nunca nos pertenceu...
Acabou a maneira como eu me via refletido no espelho
-lindo, lindo, lindo da sua forma de ser.
É difícil expor assim aos quatro ventos indefinidos
que sem o que não restou é difícil saber para onde ir.
O lar não mais contém o açúcar e o leite.
Minhas pupilas não medram uma realidade fausta como outrora.
Seria avareza chamar o sonho que morre de morte.
Nesta aridez, só, eu vivo, vivo sim.
Mas a solidão é tanta que não resta a quem dizer,
não resta ser porque não resta você.
Não mais restam os portos estelares
O que resta num ou noutro lábio abençoado
me faz recordar que eu já fui muitos outros e outras.
Já tive anseios como tu,
e já fui matador de almas caridosas,
e ódio e amor corroentes são a herança da minha matéria.
Resta-me alguma luz.
Aposento-me destas bobeiras etéreas
como o mar e o luar e faço o que me resta:
chorar até que se desfaçam os laços irremediáveis
dessa roda que gira e gira e gira..."
(King Mob)

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