sexta-feira, 25 de setembro de 2009

DIZEMOS QUE NÃO PROCURAMOS O AMOR...

"Dizemos que não procuramos um amor.
É mentira, é claro que procuramos o amor.
Só que como tememos já não o encontrar,
temos a tendência para enumerar aquilo que nos faz falta.
Então dizemos que queremos encontrar alguém
que se encaixe nas nossas "faltas".
Como se a nossa vida não se alterasse nem um centímetro
e pudessemos ainda preencher os nossos vazios.
Mas falaremos nós de pessoas reais
ou de um adorno que podemos usar
e disfrutar quando nos apetece.
É arrepiante pensar que, também no amor,
as pessoas possam existir na vida umas das outras
no contexto do útil.
Quando procuramos encontrar alguém
que obedeça às nossas "regras",
às nossas "faltas",
nosso "tipo",
estamos a afastar por completo
a mais simples linguagem do amor
que é a da descoberta e do encontro.
Quem tenta encontrar pessoas
com o mesmo movimento com que se procura um objeto,
já envelheceu para o amor
nunca soube que ele é coisa viva,
inesperada, por isso,
simultâneamente volúvel e constante.
Talvez até não sejamos a nós a encontrá-lo,
é o amor encontra..."

Nenhum comentário: