quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O PESO DO TEMPO...

"Não tenho mais os olhos de menino
nem corpo adolescente,
e a pele translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas,
sou uma estrutura agrandada pelos anos
e o peso dos fardos bons ou ruins.
-Carreguei muitos com gosto
e alguns com rebeldia.-
O que te posso dar
é mais que tudo o que perdi:
dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria apenas ser amado.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora:
esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor,
com mais paciência e não menos ardor,
a entender-te se precisas,
a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante
e abraço de amigo,
e sobretudo força
que vem do aprendizado.
Isso posso te dar:
um mar antigo e confiável
cujas marés
— mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias..."

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