sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O ÚLTIMO ENCONTRO...

"Sinto-me frágil.
Não é fácil escrevermos quando estamos frágeis.
Apenas o eco das tuas palavras na minha cabeça.
Apenas a ressonância que te neguei
Naquele cerrado mês de agosto,
Quando pensando que já te tinha esquecido,
Me fizeste perder novamente de mim
Com as tuas dúvidas ternas
E a tua confiança acutilante.
Estavas sentada numa cadeira,
Olhando-me nos olhos
E te distanciando deles.
Num estar de corpo presente,
Num estar de querer somente confirmar
Quem de nós dois era o mais confiante.
Talvez fosses tu.
Talvez sejas sempre.
Sempre pequei por pensar em demasia...
Sim, os escritores ficam paralisados
Quando sofrem por amor.
E ficam amedrontados pelo futuro
Enquanto aguardam sem vontade por ele,
Escondidos num lugar onde o mundo se esvai
Em cinzas antes do fogo ter mostrado a sua ira.
Sim, os escritores revivem o passado,
Dentro de si próprios,
De hora a hora,
Cronometrados por um relógio cruel
Chamado de saudade...
Sim, eles sofrem e choram o seu sofrimento.
Eles camuflam-se na escuridão da noite,
Fiéis à convicção de que desse modo,
A sua tristeza não será vista.
Eles passam por aquilo
A que tu chamaste de "período difícil"
E que eu, como escritor do meu próprio destino,
Não tive a bravura necessária para o admitir..."
(Pedro Rodrigues)

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