sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

FALSOS PUDORES

"Não me perturbe com falsos pudores.
Prefiro o galanteio barato
que vem junto com o ar blasé
de quem se habitua a um vício.
Não me culpo mais pelas incertezas.
Hoje acordei cedo e fiz um chá.
Depois inventei um conto sem palavras,
todo bordado na minha imaginação.
Apaga o cigarro?
Tô ficando chato com a maturidade.
Confundo nomes, esqueço chaves.
Me engano fácil com algumas delicadezas.
Só algumas.
Essa noite sonhei que tudo estava diferente.
Que a janela havia sido consertada,
que as paredes do estúdio estavam pintadas de branco
como num toque de mágica...
Mas acordei com um frio de sete graus
e a tampa da privada levantada.
Você sabe me irritar.
Assim como sabe fazer aquela omelete única
com queijo barato derretido
e um quê de cebolinha picada bem fininha...
Quero voltar a dormir a noite inteira,
sem precisar dos comprimidos
que me oprimem o corpo todo no dia seguinte.
Queria esquecer que existe
uma garrafa de gim atrás da estante,
onde escondo tantos outros pequenos segredos:
uma xícara antiga com a asa quebrada,
nosso retrato rasgado num momento de fúria
e até algumas lágrimas que saíam dos olhos
direto para as páginas de certos livros.
Não quero mais lembrar de você.
Não quero nunca mais saber de nós dois..."
(Autor Desconhecido)

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