segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

AMOR DESCONHECIDO

"Preciso sim, preciso tanto.
Alguém que me desperte com um beijo,
abra a janela para o sol ou a penumbra.
Tanto faz, e sem dizer nada
me diga o tempo inteiro alguma coisa.
Preciso do teu beijo de mel
na minha boca de areia seca,
preciso da tua mão de seda
no couro da minha mão crispada de solidão.
Preciso dessa emoção
que os antigos chamavam de amor,
quando sexo não era morte
e as pessoas não tinham medo
disso que fazia a gente dissolver
o próprio ego no ego do outro
e misturar coxas e espíritos
no fundo do outro você...
Preciso de você que eu tanto amo
e nunca encontrei.
Para continuar vivendo,
preciso da parte de mim que não está em mim,
mas guardada em você que eu não conheço.
Tenho urgência de ti, meu amor.
Para me tocar, para me tocar
e no toque me salvar.
Preciso ter certeza que inventar nosso encontro
sempre foi pura intuição, não mera loucura.
Ah, imenso amor desconhecido..."
(Caio Fernando Abreu)

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