domingo, 3 de janeiro de 2010

DE REPENTE...

"De repente estou só no mundo.
Vejo tudo isto do alto de um telhado espiritual.
Estou só no mundo.
Ver é estar distante.
Ver claro é parar.
Analisar é ser estrangeiro.
Toda a gente passa sem roçar por mim.
Tenho só ar à minha volta.
Sinto-me tão isolado
que sinto a distância entre mim e o meu fato.
Sou uma criança, com uma palmatória mal acesa,
que atravessa, de camisa de noite,
uma grande casa deserta.
Vivem sombras que me cercam -só sombras,
filhas dos móveis hirtos e da luz que me acompanha.
Elas me rondam aqui ao sol, mas são gente..."
(Bernardo Soares)

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