domingo, 24 de janeiro de 2010

A TUA AUSÊNCIA...

"Pelas paredes cheira ainda à tua pele cutânea.
Mas desde que te foste, estar aqui é oco,
cansativo, uma espera.
E às vezes -como se tivéssemos chorado-
respirar custa.
Sobretudo nada apetece.
Sair para a rua?
Ir então em frente a repetir os passos
passear nas avenidas a espaçar as horas
dispersar a espera?
Tudo cinzento. Choverá?
Aqui é que não fico.
No quarto onde dormimos o espaço sobra,
e cada coisa já morreu ou está a mais.
Em toda a casa uma violência subterrânea:
a tua ausência..."
(João Habitualmente)

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