quinta-feira, 29 de outubro de 2009

CANÇÃO DO ADOLESCENTE

"Se mais bem olhardes
notareis que as rugas
umas são postiças outras literárias.
Notareis ainda o que mais escondo:
a descontinuidade do meu corpo híbrido.
Quando corto a rua para me ocultar
as mulheres riem -sempre tão agudas!-
do meu pobre corpo...
Que força macabra misturou pedaços
de criança e homem para me criar?
Se quereis salvar-me desta anatomia,
batizai-me depressa com as inefáveis
as assustadoras águas do mundo..."
(José Paulo Paes)

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