terça-feira, 27 de outubro de 2009

COMO GOSTO DE TI...

"Em quem pensar, agora, senão em ti?
Tu, que me esvaziaste de coisas incertas,
e trouxeste amanhã da minha noite.
É verdade que te podia dizer:
"Como é mais fácil deixar que as coisas não mudem,
sermos o que sempre fomos,
mudarmos apenas dentro de nós próprios?"
Mas ensinaste-me a sermos dois;
e a ser contigo aquilo que sou,
sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide.
Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo,
ouvir a tua voz que abre as fontes de todos os rios,
mesmo esse que mal corria
quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri
o sentido de irmos contra o tempo,
para ganhar o tempo que o tempo nos rouba.
Como gosto, meu amor, de chegar
antes de ti para te ver chegar:
com a surpresa dos teus cabelos,
e o teu rosto de água fresca que eu bebo,
com esta sede que não passa.
Tu: a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,
como gostas de mim,
até ao fundo do mundo que me deste..."
(Nuno Júdice)

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa!!! Eu adorei. Sénsível e terno.
Bj