terça-feira, 5 de janeiro de 2010

AGORA MESMO

"Está gente a morrer agora mesmo em qualquer lado
Está gente a morrer e nós também.
Está gente a despedir-se sem saber que para sempre
Este som já passou, este gesto também.
Ninguém se banha duas vezes no mesmo instante
Tu próprio te despedes de ti próprio
Não és o mesmo que escreveu o verso atrás
Já estás diferente neste verso e vais com ele...
Os amantes agarram-se desesperadamente
Eis como se beijam e mordem e por vezes choram.
Mais do que ninguém eles sabem que estão a despedir-se
A Terra gira e nós também,
A Terra morre e nós também.
Não é possível parar o turbilhão
Há um ciclone invisível em cada instante
Os pássaros voam sobre a própria despedida
As folhas vão-se e nós também.
Não é vento é movimento
Fluir do tempo amor e morte
Agora mesmo e para todo o sempre,
Amém..."
(Manuel Alegre)

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