"Mesmo quando não te vejo, 
é nisto que penso: és tão bonita.
Queria-to dizer, mas não consigo: 
há coisas que não sei dizer.
Penso nelas e vejo-as muito claramente, 
mas não consigo dizê-las.
A beleza tornou-te inaudita.
Sorrio.
Olho para a estrada mas a pensar em ti.
O meu silêncio nomeia 
devagarinho a tua beleza.
Invoco-te de uma forma delicada. 
Invoco cada detalhe, cada
pormenor. Mas é da beleza por inteiro 
que o meu silêncio se ocupa.
Silêncio e beleza e pensamento, 
ocupam-se por inteiro.
Preenchem-se.
Mesmo calado, penso em ti e consigo ver-te.
Apesar de olhar para a frente, 
é para dentro que eu vejo.
Poderias ficar infinitamente assim: tu.
Até que um dia o esquecimento 
seja mais forte, eu vejo-te.
Os olhos, os lábios, a boca, a testa, o nariz, 
as mãos, o cabelo, o pescoço, a pele.
Tu.
Tu com o teu sorriso.
Até mesmo esse ar sério 
que fazes quando não olhas para mim.
A maneira como fumas 
ou como olhas para a frente
enquanto avançamos pela estrada. 
Tu. Eu. Nós.
O mesmo instante.
A juventude é o chão sob os teus pés. 
E eu sempre a pensar
até quando não digo nada: és tão bonita.
Mesmo quando não acontece nada.
Até quando já não penso em ti..." 
(Rui Machado)
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
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