domingo, 24 de janeiro de 2010

JUNTO AO FIM...

"As coisas demoram o que eu não queria.
E se um dia voltar para trás
tenho a companhia inútil de gestos gastos,
passo despercebido entre a sombra da parede,
junto à parede, parado junto à parede.
As coisas demoram trazendo sempre penas,
queixumes, a idade começa a cair.
Desapareço enfim sobre o nevoeiro do rio,
ao longe marcas de cinza e pó
limitam a única estrada.
E se houver um olhar a ir ter
com o vagaroso afastamento
é só uma razão de despedida,
o anúncio da morte.
Esse precipício olhado pela certeza de haver,
o já perdido encanto dos dias a perder-se
e depois a medo voltando seguindo o rio.
A pressa calou a sua vontade,
há gritos fundos de dor e alegria
junto ao fim..."
(Helder Moura Pereira)

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