sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O PUNHAL

"A mão que acaricia é aberta;
Mas quando ela se fecha no cabo de um punhal,
ela é mortal.
Quando meu amigo Gerardo morreu,
abriram seu armário de caça,
e me mandaram escolher o que eu quisesse.
Escolho cinco assobios de madeira
que imitam os cantos dos pássaros,
e um grande e estreito punhal,
o cabo trabalhado em prata
e pedra preciosa brasileira.
Eu percebi muito tempo depois,
que a lamina do punhal
era mais pesada que o cabo
e isso permitia
que se eu o largasse de certa altura,
ele caia fincado na madeira, sem esforço.
Tive uma vida ferida,
no seio de uma familia
que não me compreendia.
Às vezes, adolescente,
eu segurava o punhal, pensando:
- Você me tiraria desta vida,
mas pressinto
que me acompanharás o tempo todo-
companheiro agressor,
mas sustentáculo onde muitas vezes
o amor nos ameaça na sombra
mas o segredo da vida
abre asas em nosso Espirito..."
(Clarisse de Oliveira)

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